Ministério da Saúde

Mandetta pede fala única do governo contra coronavírus e prevê dias duros em maio e junho

13 abr 2020, 8:13 - atualizado em 13 abr 2020, 8:13
Luiz Henrique Mandetta
Quando você vê as pessoas entrando em padaria, entrando em supermercado, fazendo filas uma atrás da outra, encostadas, grudadas, pessoas fazendo piquenique em parque, isso é claramente uma coisa equivocada, alerta ministro (Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta pediu uma fala única do governo federal no combate ao coronavírus e apontou que a população fica sem saber se segue as orientações do ministério, a favor do isolamento social para conter a disseminação do vírus, ou do presidente Jair Bolsonaro, que minimiza a pandemia e defende o fim do distanciamento.

Na entrevista ao “Fantástico”, da Rede Globo, Mandetta chama de equivocadas as formações de aglomerações sem, no entanto, citar nominalmente Bolsonaro, que voltou a gerar acúmulos de pessoas em novos passeios que fez por Brasília e cidades do entorno no feriado prolongado da Páscoa. O ministro previu ainda dias duros com a pandemia de Covid-19 nos meses de maio e junho.

“Eu espero que essa validação dos diferentes modelos de enfrentamento dessa situação possa ser comum e que a gente possa ter uma fala única, uma fala unificada, porque isso leva para os brasileiros uma dubiedade. Ele não sabe se ele escuta o ministro da Saúde, se ele escuta o presidente, quem é que ele escuta”, disse Mandetta na entrevista.

“A gente imagina que os meses de maio e junho serão os meses mais duros para as nossas cidades”, acrescentou.

Jair Bolsonaro e Luiz Henrique Mandetta
Mandetta chama de equivocadas as formações de aglomerações sem, no entanto, citar nominalmente Bolsonaro (Imagem: Agência Brasil/Isac Nóbrega/PR)

O ministro está em rota de colisão com Bolsonaro e o presidente chegou a ameaçar demiti-lo sem citá-lo nominalmente por mais de uma vez.

Ao voltar a contrariar Bolsonaro e reiterar a defesa do isolamento social, Mandetta disse que o comportamento da sociedade é que vai ditar como será a pandemia nos próximos meses no Brasil.

De acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados no domingo, existem 22.169 casos confirmados de Covid-19 no Brasil, com 1.223 mortes confirmadas como tendo sido causadas pela doença. Mandetta reconheceu que esses dados estão subnotificados devido à falta de exames para detecção do coronavírus.

“Essas semanas agora o comportamento da sociedade é que dita. Esse vírus, a história natural dele, como ele vai se comportar aqui, quem vai escrever essa história é o comportamento da sociedade, não é a polícia, o decreto. É como cada um de nós brasileiros vamos ter a consciência do cuidado individual, sendo o responsável pelo cuidado coletivo”, disse Mandetta.

Luiz Henrique Mandetta
Essas semanas agora o comportamento da sociedade é que dita, enfatiza Mandetta (Imagem: Marcello Casal JrAgência Brasil)

“Quando você vê as pessoas entrando em padaria, entrando em supermercado, fazendo filas uma atrás da outra, encostadas, grudadas, pessoas fazendo piquenique em parque, isso é claramente uma coisa equivocada”, acrescentou.

Nos últimos dias, por mais de uma vez, Bolsonaro desrespeitou as orientações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde, a favor do isolamento social para conter a disseminação do vírus e voltou a circular por Brasília, provocando aglomeração e cumprimentando apoiadores. Ele visitou uma padaria na capital federal.

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