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Maquininhas: como a guerra das “gigantes” está ajudando as fintechs

12 jun 2019, 17:50 - atualizado em 12 jun 2019, 17:50
(Pixabay)

Por Caio Davidoff – Fundador e CEO da Pagcom

Aceita cartão? Todo comerciante já ouviu essa pergunta e provavelmente perdeu a venda a cada vez que respondeu “não”. Se os clientes não saem mais de casa sem cartão no bolso, e com cada vez menos dinheiro em espécie, os empreendedores também acompanharam as opções de máquinas se ampliarem, das mais diversas marcas e modalidades.

No Brasil, foram movimentados R$ 1,55 trilhão com cartões de crédito e débito em 2018, apontam dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). O resultado representa um aumento de 14,5% em comparação a 2017, e o volume corresponde a 38% do consumo das famílias, bem abaixo do potencial, o que explica em parte por que tantas empresas entraram no mercado nos últimos anos. Segundo o Banco Central, hoje há 4 milhões de maquininhas em operação no País.

Paralelamente, o modelo tradicional de quatro partes do mercado de cartões – formado por bandeiras, bancos, credenciadoras e varejistas — está ficando para trás, depois de vigorar por décadas no mundo todo.  O modelo de pagamentos passou de apenas quatro para inúmeras partes. Um processo de melhoria da experiência está em curso: a meta é que o consumidor pague como achar melhor.

Há pouco mais de cinco anos, duas marcas dominavam o mercado, mas hoje várias empresas compõem o cenário aquecido pelo surgimento das startups financeiras, as fintechs. Cada uma dessas empresas oferece mais de uma opção de máquina, podendo chegar a quatro opções de equipamentos e planos.

As três credenciadoras ligadas aos quatro maiores bancos comerciais do país perderam quase 20% de market share nos últimos três anos graças ao surgimento de fintechs, que desenvolveram estratégias agressivas para acessar clientes negligenciados pelos grandes bancos (o pequeno empresário e profissionais liberais).

A chegada de novos competidores também forçou a redução do MDR, a taxa de desconto cobrada dos lojistas a cada transação. Contudo, a fase mais recente se caracteriza por uma nova disputa de preços, que se acentuou a partir de maio. As varejistas também entraram na disputa por pagamentos, lançando soluções como transferências via carteiras digitais ou QR Code.

A tendência é que os consumidores passem a ter carteiras digitais para pagamentos e transferência de valores, concentrando cartões de crédito, débito e valores depositados num só lugar. É um desafio para os bancos na condição de emissores de cartões.

Uma pesquisa feita pelo Google com 800 consumidores de serviços financeiros revelou que sete em cada dez clientes das fintechs dizem estar satisfeitos (71%), contra quatro em cada dez clientes das instituições financeiras tradicionais (42%). O nível de insatisfação, segundo o levantamento, é por outro lado de 19% nos clientes das fintechs e de 25% nos bancos tradicionais (número que sobe para 43% quando se fala especificamente em serviços de empréstimos).

É claro que ainda resta um longo caminho a percorrer para as fintechs. Mas lutar contra a evolução do segmento à revelia da mudança de comportamento do consumidor é como sovar a massa fermentada pelo germe da inovação: quanto maior a pressão contrária ao seu crescimento, mais rápido ela se dilata e amadurece.

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