Marfrig (MRFG3) dispara mais de 20% com fusão no radar e balanço do 1T25

As ações da Marfrig (MRFG3) lideraram a ponta positiva do Ibovespa (IBOV) e figuraram entre as mais negociadas da B3 nesta sexta-feira (16), driblando a cautela do mercado doméstico e o principal índice da bolsa brasileira no vermelho.
Nesta sexta-feira (16), MRFG3 subiu 21,35%, a R$ 25,07. Na máxima do dia, os papéis chegaram a disparar 26% na primeira hora do pregão. No mesmo horário, o Ibovespa caía 1%, no nível dos 137 mil pontos. Acompanhe o Tempo Real.
O forte tom positivo dos papéis é impulsionado, em maior parte, pela eventual fusão da Marfrig com a BRF (BRFS3). Ontem (15), as duas companhias anunciaram um acordo de combinação dos negócios — com criação da MBRF — e expectativa é de que o fechamento da transação aconteça no início do segundo semestre deste ano.
A operação prevê a incorporação integral da BRF. A Marfrig já possui 50,49% de participação no frigorífico. A primeira aquisição de uma fatia na BRF pela companhia ocorreu em maio de 2021, quando a empresa declarou que seria um investidor passivo.
Na avaliação do BTG Pactual, o negócio tem “muitos méritos”. “Embora as sinergias operacionais possam ser limitadas, os possíveis benefícios fiscais, a escala, a relevância e até uma futura listagem internacional podem ajudar a realizar o antigo sonho da empresa de um IPO desde 2007”, escreveram os analistas do banco em relatório.
Já os analistas do Bradesco BBI afirmaram que os termos propostos no acordo entre as companhias parecem beneficiar os acionistas da Marfrig mais diretamente.
Os investidores também reagem positivamente ao balanço do primeiro trimestre de 2025 (1T25) da companhia, divulgado na véspera (15).
O governo brasileiro ainda reportou o primeiro caso de gripe aviária no território nacional. Contudo, a Marfrig é uma das menos afetadas pela notícia — já que BRF (BRFS3) e JBS (JBSS3) são as mais afetadas pela contaminação.
Marfrig: os números do 1T25
A Marfrig reportou um lucro líquido atribuído ao controlador de R$ 88 milhões entre janeiro e março, um crescimento de 40,3% na comparação com o mesmo período do ano passado.
O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado somou R$ 3,2 bilhões no 1T25, avanço de 20,8% em base anual e quase em linha com a expectativa média de analistas em pesquisa da LSEG, de R$3,01 bilhões.
- Confira mais números do balanço em: Marfrig (MRFG3) lucra R$ 88 milhões no 1T25
O que dizem os analistas
Na avaliação dos analistas, a Marfrig reportou números acima do esperado no 1T25, com destaque para um forte desempenho na América Latina.
“As operações da América do Sul seguiram entregando margens de dois dígitos, mesmo em meio à sazonalidade mais fraca, refletindo a estratégia da companhia de aumentar a participação de produtos processados no mix”, avaliaram os analistas da XP.
Na visão do Santander, os resultados foram sólidos, considerando que tanto o mercado brasileiro quanto o americano permanecem na fase de baixa do ciclo do gado.
Já para os analistas do BTG Pactual, os resultados apontaram tendências opostas: enquanto a América do Sul superou as expectativas, a National Beef enfrentou pressões adicionais devido ao ciclo do gado nos EUA.
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É hora de comprar MRFG3?
Os bancos reiteraram a recomendação neutra para as ações, mas com a sinalização de que vão atualizar as estimativas em breve para incorporar a possível fusão com a BRF.
Com a combinação dos negócios, a XP projeta que a nova companhia MBRF tenha receita líquida de R$ 162 bilhões e Ebitda ajustado de R$ 13,8 bilhões em 2025 (ex-sinergias), além de um rendimento de fluxo de caixa (FCF) de 7,4% neste ano.
Já nas contas preliminares, o BTG Pactual estima que a MBRF tenha um múltiplo de valor da empresa (EV) e Ebitda na faixa de 5,7 vezes e 5,8 vezes no final de 2025, ou entre 5,4 vezes e 5,6 vezes incluindo as sinergias fiscais projetadas.
“Embora esses múltiplos representem valuations bem mais baratos do que antes da transação, ainda implicam um prêmio em relação à JBS — uma comparação que achamos difícil de justificar. Por outro lado, com uma estimativa de que 38% da receita pós-fusão venha de alimentos processados, a nova Marfrig pode se beneficiar de algum suporte em valuation”, escreveram os analistas.
Na mesma linha, os analistas do Bradesco BBI também avaliam que a MBRF deve “nascer” com múltiplos acima dos pares.