MBRF (MBRF3): BTG vê história convincente e Itaú BBA já volta atenções para 2026
A MBRF (MBRF3) apresentou uma queda de 62% no seu lucro do terceiro trimestre de 2025, totalizando R$ 94 milhões, no primeiro balanço da companhia após a fusão entre BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3). Por volta de 11h36 desta terça, as ações avançavam 4,37%.
O BTG Pactual enxerga na MBRF uma história convincente, já que, embora os investidores foquem em lucratividade como principal métrica para oscilações de curto prazo nos lucros, o crescimento das vendas impulsionado por volume é o que realmente determina o potencial de ganhos do setor de proteínas além dos ciclos de preços de commodities.
A empresa superou em 2% e 5% a estimativa de receita (R$ 41,8 bilhões) e Ebitda ajustado (R$ 3,5 bilhões), respectivamente.
Para os analistas, a BRF talvez seja o principal exemplo da virada comercial da companhia, com a participação em produtos processados no Brasil atingindo 41,% do mercado total.
O segmento internacional também apresentou crescimento de volume de 3%, embora parte disso possa refletir volumes carregados de um 2T25 fraco, impactado pela gripe aviária.
Na Marfrig, foram registrados R$ 25,5 bilhões em vendas, 4% acima das estimativas, apesar do câmbio desfavorável.
Nos EUA, menores volumes — 6% abaixo no comparativo anual — foram compensados pela inflação contínua da carne bovina, levando a um aumento de 12% na receita anual, para US$ 3,6 bilhões.
Na América do Sul, a Marfrig colhe os frutos dos investimentos em capacidade nos últimos anos.
“Com uma combinação favorável entre abundância de gado no Brasil e forte demanda internacional por carne bovina, a receita cresceu 33% contra o 3T24, atingindo R$ 5,7 bilhões, o maior valor trimestral da história, mesmo após a venda de ativos”, analisam Thiago Duarte e Guilherme Guttilla.
A geração de fluxo de caixa livre (FCF) foi de R$ 142 milhões no trimestre, impactada por um aumento de R$ 1,5 bilhão nos estoques, antecipando as vendas sazonais de fim de ano e a compra de matérias-primas.
Com base nos resultados, o BTG, que atualmente conta com recomendação neutra (preço-alvo de R$ 20) para a ação, reforçou que planeja atualizar suas estimativas para MBRF.
Itaú BBA e a MBRF
O Itaú BBA viu como principal destaque positivo a resiliência das margens na operação de bovinos na América do Sul, que vem expandindo capacidade e lucratividade — inclusive com os ativos no Uruguai.
Os resultados da MBRF ficaram em linha com as expectativas do mercado, mas o Itaú destaca que os investidores estão atentos à dinâmica das margens no mercado internacional, especialmente após a reabertura da China.
Atualmente, o consenso de mercado para o Ebitda 2026 da MBRF está em torno de R$11,5 – 12 bilhões, cerca de 10% abaixo das projeções implícitas nos documentos da fusão.
Segundo o banco, as principais divergências vêm da lucratividade do segmento de frango e das sinergias comerciais, que ainda carecem de maior clareza para serem precificadas com confiança.
Para 2026, o Itaú BBA acredita que o mercado seguirá focado em spreads do frango e sinergias de Ebitda a capturar.
Atualmente, o mercado precifica Ebitda de R$ 11,5 bilhões a R$ 12 bilhões (EV/Ebitda de 6,3x), enquanto os documentos da fusão indicam ~R$ 13 bilhões (5,6x).
A incorporação dos ativos no Uruguai trouxe forte crescimento de receita com margens resilientes. Após aprovação do órgão antitruste uruguaio, esses ativos passaram a contribuir para o P&L (Lucros & Perdas) da MBRF, elevando os volumes para 291 mil toneladas, superando as expectativas.
Na avaliação dos analistas, essa expansão sequencial reflete o aumento de capacidade e será crucial para avaliar as perspectivas de 2026.
Contudo, uma maior contribuição do Uruguai pode pressionar margens devido a custos de gado mais altos e um portfólio mais comoditizado.