MBRF (MBRF3): Goldman reforça compra para ação com BRF Arábia; BBA e BofA não veem grandes mudanças no momento
O Goldman Sachs enxerga a criação da BRF Arábia como um movimento estrategicamente positivo para MBRF (MBRF3). Para os analistas, que reforçaram sua recomendação de compra (preço-alvo de R$ 27,80 e potencial de alta de 85%) para as ações, a nova plataforma deve oferecer suporte em meio aos ciclos voláteis do mercado de frango.
“Isso se dará por meio da exposição a uma região de rápido crescimento, alto poder de compra e estrutura de precificação ‘cost-plus’ (baseada em custo mais margem). Também destacamos que a avaliação implícita de 9x EV/Ebitda é superior ao múltiplo atual de negociação da MBRF, de cerca de 6x”, explicam Thiago Bortoluci e Nicolas Sussmann.
A MBRF receberá um dividendo extraordinário único de US$ 266 milhões, e, no fechamento, a Halal Products Development Company (HPDC), controlada pelo fundo soberano da Arábia Saudita, o Public Investment Fund (PIF), contribuirá com US$ 113 milhões para a nova empresa.
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MBRF: A visão do Itaú BBA e Bank of America
Segundo o Itaú BBA, os ativos transferidos para a BRF Arabia geram US$ 230 milhões em Ebitda (LTM), implicando um múltiplo de 9x EV/Ebitda, acima da média dos pares do setor de proteínas.
A joint venture (JV) também representa o primeiro passo rumo a um possível IPO na Bolsa de Riad em 2027, segundo a empresa. Isso ajuda a explicar, parcialmente, os múltiplos maiores.
A HPDC poderá investir até US$ 430 milhões adicionais na JV caso aumente sua participação para 40%, o que possibilitaria maior expansão na região.
No entanto, o Itaú BBA não vê a injeção representando uma mudança significativa na estrutura de capital da MBRF neste momento.
“No curto prazo, entendemos que ainda há uma assimetria negativa em relação ao consenso da Bloomberg para o exercício de 2026, enquanto o mercado espera uma normalização do ciclo de frango ao longo de 2026”, explicam Gustavo Troyano, Bruno Tomazetto, Ryu Matsuyama.
Para o Bank of America, o acordo é positivo, já que fortalece o crescimento da MBRF no Oriente Médio e reflete uma avaliação premium para os ativos (9x Ebitda). Isso, pare eles, pode gerar re-rating de 0,2–0,3x no múltiplo da MBRF.
Apesar disso, o banco americano mantém sua recomendação neutra (preço-alvo de R$ 26 e potencial de alta de 62,5%), de olho na pressão de curto prazo nos resultados por conta de margens fracas no negócio de carne bovina dos EUA, a ultrapassagem do pico para as margens da BRF e pela alavancagem em níveis altos.
“Além disso, a ação negocia próxima ao valuation da JBS, enquanto o banco considera adequado um desconto justo de 15%”, Isabella Simonato, Julia Zaniolo e Fernando Olvera.