MBRF (MBRF3) puxa queda do Ibovespa na semana, apesar de duas notícias positivas; entenda
A MBRF (MBRF3) recuou 15,16% em uma semana em que o Ibovespa fechou o período com queda de 1,88% nos últimos quatro pregões.
Como você viu aqui, na semana anterior, os papéis do frigorífico tiveram um forte desempenho após a reabertura do mercado de frango para China e a reação aos resultados do terceiro trimestre de 2025 (3T25). Nos últimos 30 dias, a ação avança 31,76%
No entanto, apesar do desempenho negativo, dois fatos novos surgiram como positivos para ação:
- Aprovação da União Europeia para o pre-listing para carne de frango e ovos do Brasil;
- Suspensão das tarifas adicionais de 40% para carne bovina.
O mercado vê o movimento de pre-listing como positivo para MBRF. As vendas para Europa, por conta de suas exigências, carregam prêmio de preço de cerca de 25% (histórico entre 10% e 30%) frente a outros mercados. Algumas estimativas indicam ganho de 100 a 200 bps na margem Ebitda da MBRF já em 2026, caso as exportações retomem em janeiro. A expectativa é de que 12 fábricas da BRF, bloqueadas desde 2018, voltem a ser habilitadas para exportação. O acordo também deve beneficiar a Granja Mantiqueira.
“Uma grande notícia é a retomada do pré-listing para a União Europeia. Esse mercado espetacular, remunerador para o frango e para os ovos brasileiros estava fechado desde 2018. Portanto, sete anos com o Brasil fora”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.
Já o Bradesco BBI elencou alguns pontos que podem beneficiar os frigoríficos com a isenção tarifária sobre carne bovina.
O primeiro deles é que a oferta restrita de gado nos EUA deve sustentar a demanda por proteína brasileira, reforçada pelo diferencial de preços entre os mercados.
A reabertura da cota anual livre de tarifas em janeiro também deve acelerar a retomada dos embarques, mantendo competitividade mesmo com tarifas extras fora da cota, e isso tende a melhorar spreads de exportação para frigoríficos com maior exposição ao mercado norte-americano — como Minerva, com cerca de 21% das vendas no 3T25, além de beneficiar JBS e Marfrig.
Os resultados do 3T25 para MBRF
A MBRF apresentou uma queda de 62% no seu lucro do terceiro trimestre de 2025, totalizando R$ 94 milhões, no primeiro balanço da companhia após a fusão entre BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3).
O BTG Pactual enxerga na MBRF uma história convincente, já que, embora os investidores foquem em lucratividade como principal métrica para oscilações de curto prazo nos lucros, o crescimento das vendas impulsionado por volume é o que realmente determina o potencial de ganhos do setor de proteínas além dos ciclos de preços de commodities.
O Itaú BBA viu como principal destaque positivo a resiliência das margens na operação de bovinos na América do Sul, que vem expandindo capacidade e lucratividade — inclusive com os ativos no Uruguai.
Os resultados da MBRF ficaram em linha com as expectativas do mercado, mas o Itaú destaca que os investidores estão atentos à dinâmica das margens no mercado internacional, especialmente após a reabertura da China.