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Coluna do Beto Assad

Mercado dá recado a Lula sobre teto de gastos, dinheiro saindo com risco de não voltar

14 nov 2022, 14:16 - atualizado em 14 nov 2022, 14:17
Mercado dá recado a Lula
Mercado dá recado a Lula, mostrando que fuga de capitais pode ocorrer se plano de furar o teto de gastos for às últimas consequências. (Imagem: REUTERS/Mariana Greif)

Durou muito pouco a lua de mel entre o mercado financeiro brasileiro e a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. E o mesmo mercado dá recado a Lula sobre ameaças ao teto de gastos.

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Se na primeira semana após o fim das eleições a bolsa subiu respeitáveis 3,16%, na semana seguinte ela caiu 5%, que só não foi pior por uma boa recuperação do Ibovespa no último dia da semana.

E o que mudou tão repentinamente na visão dos investidores? A percepção do que o governo Lula pretende para a economia do país.

Num primeiro momento, o fluxo de capital estrangeiro foi amplamente positivo para o Brasil, com a expectativa de que Lula faria um governo mais voltado ao lado social, mas com uma grande responsabilidade fiscal.

Porém, assim que o futuro presidente do país começou a fazer seus discursos durante os últimos dias, o sentimento que predominou nos investidores foi aquele famoso “opa…”.

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E qual foi o gatilho para essa mudança de comportamento dessa entidade chamada “mercado financeiro”? O desdém do presidente com teto de gastos.

Discurso agressivo

O discurso realizado pelo presidente no último dia 10 foi considerado extremamente agressivo por muitos setores da economia, colocando a responsabilidade fiscal e social como adversárias que não podem coexistir no mesmo ambiente.

Uma frase do presidente resume bem este pensamento: “Por que as pessoas são obrigadas a sofrer para garantir a tal da responsabilidade fiscal deste país? Por que toda hora falam que é preciso cortar gastos, é preciso fazer superávit, é preciso cumprir teto de gastos?”

Qualquer pessoa que entenda o mínimo de gestão financeira pode responder isso rapidamente, sem precisar criar uma teoria altamente complexa para tal explicação.

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Em poucas palavras, sem responsabilidade fiscal acaba o dinheiro. E sem dinheiro, não tem como bancar programas sociais. Simples assim.

Chega a ser impressionante, dada a situação caótica que se observa em vários países que não controlaram bem suas contas, que se defenda este tipo de tese justamente para fornecer programas sociais sustentáveis e duradouros para a população.

Histórico preocupante

Fico ainda mais impressionado com esta posição quando olhamos o passado de curto prazo político do Brasil e do próprio Partido dos Trabalhadores.

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Afinal de contas, foi a péssima gestão financeira do país sob a tutela de Dilma Roussef, com assessoria de Guido Mantega (presença constante nas discussões do plano econômico do novo governo), que acabaram levando ao impeachment da presidenta.

Para completar, a demora em definir qual será a equipe que irá dirigir a economia do país sob o governo Lula aumenta o desconforto. Henrique Meirelles, nome ventilado por um algum tempo e que possui um bom alinhamento com o mercado financeiro, deixou claro que está fora.

Para piorar, ainda afirmou que Lula “dilmou” antes mesmo de começar seu governo.

Assim, a definição de um nome para o ministério da Fazenda que traga credibilidade e alinhamento com a responsabilidade fiscal se torna essencial para que a situação do país não piore ainda mais.

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Afinal de contas, como diz uma frase famosa no mercado financeiro, o dinheiro é o animal mais arisco que existe: ele foge ao menor sinal de perigo.

Fuga de capitais

Explorando um pouco melhor essa frase, o investidor vai continuar tirando seu dinheiro do país se esse tipo de gestão financeira for realmente levada às últimas consequências. E esse dinheiro só volta se a recompensa for proporcional ao risco.

No caso, se a taxa de juros for ainda mais alta do que a atual, encarecendo ainda mais a dívida pública do país.

Todo este cenário, por consequência, dificulta ainda mais a aplicação dos programas sociais tão ansiados pelo novo governo. A conta simplesmente não fecha, já que o dinheiro não surge do nada: ou vem de investidores, ou vem do bolso da população.

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Portanto, se o governo realmente quer atuar em prol dos mais necessitados, como alardeado durante toda a campanha, está na hora de partir para um modelo mais responsável em termos de economia, que possa fazer a aplicação de seus programas a longo prazo, e não apenas para tentar garantir a eleição do sucessor no próximo mandato.

Caso contrário, o risco de Lula seguir pelos mesmos caminhos do governo Dilma, com cenário de recessão e empobrecimento da população, é enorme.

E quem mais perde neste cenário é, justamente, quem o novo presidente mais diz se importar.

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Analista e consultor financeiro no Kinvo
Beto Assad é analista de ações e consultor financeiro para o Kinvo, aplicativo que consolida investimentos de bancos e corretoras em um só lugar. Formado em Administração pela EAESP/FGV em 2004. Fez estágio na BM&F e tornou-se empreendedor antes de voltar ao mercado financeiro em 2009, trabalhando na Leandro&Stormer. Trabalhou posteriormente na Futura Invest, onde conheceu os sócios que criaram o Kinvo. Hoje, atua como analista de ações (CNPI-T) e é consultor de mercado financeiro.
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Beto Assad é analista de ações e consultor financeiro para o Kinvo, aplicativo que consolida investimentos de bancos e corretoras em um só lugar. Formado em Administração pela EAESP/FGV em 2004. Fez estágio na BM&F e tornou-se empreendedor antes de voltar ao mercado financeiro em 2009, trabalhando na Leandro&Stormer. Trabalhou posteriormente na Futura Invest, onde conheceu os sócios que criaram o Kinvo. Hoje, atua como analista de ações (CNPI-T) e é consultor de mercado financeiro.
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