Economia

Mercado faz suas apostas: Selic a 13,25% com mais altas pela frente

13 jun 2022, 17:02 - atualizado em 13 jun 2022, 17:04
Selic
(Imagem: Pixabay)

Amanhã (14), começa a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e a expectativa do mercado é que o Banco Central eleve a Selic em 0,5 ponto percentual, para 13,25%. Mas a expectativa de encerrar o ciclo de reajustes agora em junho pode ficar no passado.

Só para refrescar a memória: em março de 2021, após passar sete meses na mínima de 2% a.a., o BC passou  a elevar a taxa básica de juros como ferramenta para controle da inflação – que, na época, acumulava alta de 11,3%. De lá para cá, já foram 10 reajustes na Selic, que está 12,75% a.a. É o maior patamar desde fevereiro de 2017. E o mercado apostava que o BC daria uma pausa no aperto monetário

Acontece que esqueceram de combinar isso com a inflação. Por mais que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)  tenha desacelerado em maio, os grupos que apresentaram redução foram justamente os mais voláteis – alimentos e energia. Ou seja, os aumentos de preço continuam. Para o analista de ações e consultor financeiro do aplicativo Kinvo, Beto Assad, dificilmente o reajuste deve ser maior que 0,5 ponto percentual na reunião desta semana. “O IPCA mostrou desaceleração, o que indica que as mexidas nas taxas de juros estão tendo efeito. Mas é preciso ficar de olho em como vai progredir o cenário inflacionário para avaliar se a Selic vai estacionar nos 13,25%.”

Economista-chefe da Claritas, Marcela Rocha, também descarta a ideia de que o Copom decida por uma taxa mais alta. Mesmo porque o IPCA não surpreendeu o Banco Central e só reforçou o plano de manter os reajustes, mas com uma magnitude menor (as últimas três altas foram de 1 pp.). Mas ela não descarta outras três altas no ano. “O cenário ainda é desconfortável para o BC fechar a porta para eventuais altas. Não dá para cravar que esse vai ser o último aumento e podemos ver novos reajustes de 0,5 pp. nas próximas reuniões.”

Além disso, o coordenador de economia na Genial Investimentos, Yihao Lin, lembra que o mercado se surpreendeu negativamente com o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês). A inflação americana subiu para 8,6% em maio – é a maior taxa para o período em 41 anos. “O mercado acreditava que os EUA já tinham atingido o seu pico de inflação e não foi o que aconteceu. Isso pode ser um risco para o Brasil, que também tem uma inflação que está se mostrando mais persistente do que o previsto. Com isso, a previsão é de, pelo menos, mais uma alta de 0,25% em agosto”, afirma.

Super Quarta

Por falar em EUA, amanhã também começa a reunião do Federal Reserve. Ou seja, teremos uma Super Quarta, quando as reuniões de bancos centrais para decidir altas ou quedas de juros se alinham. O banco central americano também deve anunciar um novo reajuste nos juros – o que o mercado ainda não tem certeza é se o Fed adotará uma postura mais amena, com alta de 0,5 ponto percentual, ou mais agressiva, de 0,75 pp

Assad ressalta que o mercado internacional está complicado. Não só o CPI veio acima do esperado, como a Europa já sinalizou que irá mexer nas taxas de juros pela primeira vez em 11 anos. “O Brasil saiu na frente da Europa e EUA na tentativa de controle das altas de preço, por isso que a gente começa a ver algum resultado. Mas a inflação lá fora ainda não está controlada e isso pode respingar por aqui”, afirma. 

O economista-chefe da Órama, Alexandre Espirito Santo, afirma que a perda do controle inflacionário aumentou essa percepção de que o Fed está atrasado em sua normalização da política monetária. “Para piorar, o galão da gasolina atingiu U$ 5 pela primeira vez na história, algo que afeta bastante o psicológico da sociedade americana. E a sensação que vem tomando conta é de um eventual período recessivo à frente, com inflação muito elevada, o que seria muito ruim num momento de recuperação pós-pandemia”, completa. Ainda assim, ele aposta na alta de 0,5 pp. 

Já o Bank of America prevê que o reajuste de 0,75 pp. deve ficar para a reunião de julho ou setembro; por enquanto, o Fed deve manter o plano de alta de 0,5 pp. Mas o que a Marcela Rocha garante é que o mercado vai estar atento ao tom do comunicado do Fed e do discurso do presidente Jerome Powell. “A comunicação do banco central americano deve ser dura para mostrar o desconforto com a inflação.”

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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