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Mercado Livre (MELI34) no setor farmacêutico: Veja o que esperar do movimento, segundo BTG e XP

01 set 2025, 12:19 - atualizado em 01 set 2025, 12:19
Mercado livre
Mercado Livre mira segmento farmacêutico e acende alerta para o setor (Imagem: Reuters/Divulgação Mercado Livre)

A gigante do e-commerce Mercado Livre (MELI34) quer ampliar ainda mais sua presença no varejo brasileiro e mira, agora, o segmento farmacêutico. Segundo informações publicadas no jornal O Globo, posteriormente confirmadas pelo Meli, a companhia está adquirindo a farmácia “Target”, propriedade da Memed, startup focada em prescrições e exames digitais.

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O negócio já está registrado junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Se aprovado, o BTG Pactual o avalia como o passo mais tangível do Meli no setor farmacêutico, um segmento historicamente protegido por operadores incumbentes e reguladores.

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“É importante ressaltar que os players de e-commerce em todo o mundo tiveram um sucesso limitado no varejo de medicamentos em geral”, diz o time de analistas. “Geralmente eles ganham mais tração nas categorias de medicamentos sem prescrição médica e produtos de higiene/beleza (juntas, cerca 45-50% do mix de vendas), mas enfrentando dificuldades em prescrição devido à regulamentação e às necessidades de imediatismo”.

O BTG coloca que em torno de 60-70% das transações de medicamentos no Brasil estão ligadas a condições agudas que exigem dispensação rápida. Além disso, as regras de retenção de prescrições (por exemplo, antibióticos, psicotrópicos) adicionam barreiras.

Tendo em vista as regras rígidas para medicamentos prescritos, que limitam a operação dos canais digitais, o BTG vê a aquisição como um ponto de apoio inicial, mas pontua que o impacto no setor dependerá da capacidade do Mercado Livre de expandir sua base de farmácias físicas.

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Vem mais aquisições do Mercado Livre?

Na visão da XP Investimentos, o movimento é inteligente para contornar as restrições da regulamentação, com a companhia operando provavelmente a categoria por meio de pequenos centros de distribuição dedicados. A XP destaca que, hoje, a regulamentação brasileira impõe três restrições principais à venda de medicamentos online:

  • Os medicamentos só podem ser enviados a partir de uma farmácia licenciada, não diretamente de centros de distribuição;
  • Um farmacêutico deve estar disponível no momento da venda (no caso do Mercado Livre, isso significaria cobertura 24 horas por dia);
  • Medicamentos controlados não podem ser vendidos online.

“Esta primeira farmácia provavelmente serviria como um projeto-piloto antes de se expandir para lojas estrategicamente localizadas em todo o país para construir uma maior capilaridade. Em nossa opinião, a medida seria positiva para o Mercado Livre, adicionando uma categoria nova, relevante e recorrente”, pondera a equipe de analistas.

A XP observa que esse movimento representa um risco relevante para as farmácias, uma vez que há potencial para uma eventual mudança no setor se o Meli expandir suas operações.

Apesar disso, a casa acredita que as companhias que já operam no setor ainda mantêm uma vantagem competitiva na entrega ultrarrápida, enquanto as lojas físicas continuam a oferecer uma proposta valiosa por meio de atendimento personalizado e uma experiência diferenciada.

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.