Mercados

Mercado não vê “luz no final do túnel” e Ibovespa cai forte; Natura derrete 16%

23 mar 2020, 13:38 - atualizado em 23 mar 2020, 13:51
Natura
Natura cai diante das perspectivas de menor consumo (Imagem: Gustavo Kahil/Money Times)

A bolsa paulista ampliava viés negativo nesta segunda-feira, com o Ibovespa caindo abaixo dos 63 mil pontos e pressionado principalmente por bancos, conforme segue a aversão a risco global e apesar de novas medidas sócio-econômicas de resposta ao Covid-19 no Brasil e no mundo.

Às 13:37, o Ibovespa (IBOV) caía 4,75%, a 63.878,51 pontos. Na sexta-feira, o Ibovespa caiu 1,85%, a 67.069,36 pontos, acumulando uma perda de quase 19% na semana, pior resultado semanal desde 10 outubro de 2008.

“Fica cada vez mais claro que o mercado precisa de uma ‘luz no final do túnel’ em relação ao arrefecimento do coronavírus e seus impactos econômicos”, afirmou o estrategista Dan Kawa, da TAG Investimentos.

No exterior, o norte-americano S&P 500 recuava 3,3%, mesmo após Federal Reserve adotar nesta segunda-feira uma extraordinária série de programas para compensar as “graves perturbações” na economia causadas pela pandemia.

A iniciativa do Senado dos Estados Unidos de aprovar um projeto de lei de mais de 1 trilhão de dólares de reação ao coronavírus continuava travada na noite de domingo.

Entre as medidas mais recentes anunciadas no Brasil, o Banco Central reduziu a alíquota do compulsório sobre recursos a prazo para 17%, prevendo uma liberação de 68 bilhões de reais na economia a partir do dia 30 de março.

O Conselho Monetário Nacional (CMN), por sua vez, aprovou medida que autoriza instituições financeiras a captarem por meio de depósitos a prazo com garantia especial do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

O governo do presidente Jair Bolsonaro editou no domingo medida provisória que permite aos empregadores suspenderem os contratos de trabalho de seus funcionários por quatro meses sem pagamento de salário.

E o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou um pacote de medidas totalizando 55 bilhões de reais, com foco na preservação de empregos.

As medidas do BNDES foram anunciadas neste último domingo (22) (Imagem: Youtube/BNDES))

Ao mesmo tempo, mais empresas anunciaram suspensão de determinadas atividades, entre elas Klabin (KLBN11), Magazine Luiza (MGLU3), brMalls (BRML3) e Arezzo (ARZZ3)

De acordo com o Ministério da Saúde, no domingo, os casos de Covid-19 no Brasil chegaram a 1.546, em comparação com 1.128 até sábado. O número de mortos por coronavírus no país subiu para 25, ante 18 até a véspera.

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Destaques

Bradesco (BBDC4) desabava 8,37%, assim como Itaú Unibanco (ITUB4) despencava 7,94%, Banco do Brasil (BBSA3) derretia 9,23% e Santander (SANB11) experimentava um tombo de 7,34%, mesmo após medidas anunciadas pelo governo, em meio a preocupações sobre possível necessidade de renegociação de dívidas por empresas no âmbito das medidas de combate ao Covid-19, entre outros itens. O Credit Suisse disse que a expectativa é de os spreads de crédito devem avançar de forma significativa.

Natura (NTCO3) recuava 16,13%, entre as maiores quedas do Ibovespa, diante das perspectivas de menor consumo em razão das restrições de circulação por causa do Covid-19, com empresas do setor de consumo e varejo sofrendo de forma generalizada. Lojas Renner (LREN3), que anunciou na semana passada o fechamento temporário de suas lojas físicas, perdia 11,68%,

Renner desaba com fechamento de lojas (Imagem: Gustavo Kahil/Money Times)

Ultrapar (UGPA3) caía 16,38%, com expectativas de menor demanda por combustíveis com as medidas restrição à circulação de pessoas como forma de combate à propagação do novo coronavírus. A BR Distribuidora (BRDT3), que cedia 3,81%, admitiu em comunicado nesta segunda-feira que a epidemia de coronavírus “deverá ocasionar redução da demanda por combustíveis no país”. Já Cosan (CSAN3) tinha oscilação negativa de 0,12%.

Usiminas (USIM5) mostrava queda de 9,49%, dado o cenário de menor atividade, com montadoras – entre os principais clientes da siderúrgica – paralisando linhas de montagens e dando férias coletivas para funcionários. O Credit Suisse cortou o preço-alvo da ação de 11,50 reais para 9,50 reais, mas reiteraram recomendação ‘outperform” citando preço.

Localiza (RENT3) caía 12,99%, afetada pelas restrições de circulação no país.

Susano (SUZB3) subia 2,77%, entre as poucas altas, beneficiada pela alta do dólar ante o real, além do fato de produzir itens bastante demandado neste momento. Klabin (KLBN11) cedia 1,31%, após anunciar paralisação das obras do projeto Puma II.

Petrobras (PETR4) caía 1,83% e Petrobras (PETR3) perdia 2,29%, em meio a uma nova sessão de queda dos preços do petróleo no exterior, além de prognóstico de menor demanda por combustíveis no país.

Vale (VALE3) mostrava declínio de 2,44%, em meio ao tombo de 6% dos preços do minério de ferro na bolsa chinesa de Dalian após o anúncio de medidas mais restritivas pelo mundo para conter a pandemia de coronavírus. A mineradora também decidiu paralisar temporariamente seu centro de distribuição na Malásia.

reuters@moneytimes.com.br