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Mercados: Quando as coisas vão melhorar na Bolsa brasileira?

11 maio 2022, 13:55 - atualizado em 11 maio 2022, 13:55
Ações Mercados
Você já deve estar cansado de escutar o quão difícil está sendo navegar os mercados atualmente (Imagem: REUTERS/Regis Duvignau/File Photo)

Você já deve estar cansado de escutar o quão difícil está sendo navegar os mercados atualmente. Afinal de contas, se está aqui, você não apenas está ouvindo sobre, mas vivenciando essa situação.

Guerra na Ucrânia, lockdowns na China, impacto na cadeia de suprimentos global, inflação em terras americanas que não dá sossego…

O Ibovespa está novamente nos níveis do começo do ano depois de ter se valorizado quase 20% nos primeiros meses de 2021. Já os índices americanos amargam perdas superiores a 11% no mesmo período — o Nasdaq, por exemplo, já se encontra em bear market, com desvalorização da ordem de 25%.

E quando olhamos alguns papéis específicos, o desastre é ainda maior. Algumas das queridinhas no período da pandemia, principalmente as chamadas “emerging techs” (companhias ligadas ao setor de tecnologia que ainda não reportam lucro ou geração de caixa), veem seus papéis caírem 50%, 60%, 70%, até 90% das máximas.

Será que o pior ficou para trás no mercados? Ou ainda não faria mal um pouco de cautela ao investidor?

Ainda que ações de boas empresas também tenham sofrido desvalorizações — sete das maiores companhias do mundo perderam cerca de US$ 1 trilhão de valor de mercado nos últimos dias —, entendo que o sentimento atual pode abrir uma janela de oportunidade ainda melhor nos próximos meses.

Momentos de alta volatilidade, geralmente, são precursores de períodos conturbados para os mercados. Com o Vix (considerado o “índice do medo” pelos investidores) ainda em patamares elevados pelo seu histórico — acima dos 30 pontos, quando uma leitura acima de 20 até antes da pandemia já era considerado um evento fora do comum —, teríamos que ver a resolução de diversos dos problemas citados no começo do texto para que ele voltasse à normalidade.

Infelizmente, não é isso que notamos no noticiário recente.

O conflito no Leste Europeu, que deveria durar dias, já vai entrar no terceiro mês.

A China vem enfrentando novas ondas de Covid-19, impondo restrições nas maiores cidades do país e fazendo com que várias empresas ainda tenham problemas para atender à demanda por seus produtos. A Sony e a Nintendo, duas das companhias mais icônicas do mundo dos games, já revisaram as estimativas de vendas de seus consoles porque seus fornecedores (em grande parte chineses) estão com dificuldades para produzi-los.

Nos Estados Unidos, nem mesmo a fala de Jerome Powell, de que um aumento de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros estaria, por ora, fora de cogitação aliviou o sentimento dos investidores. Isso logo após o comitê de política monetária americano ter decidido elevar a taxa por lá em 0,50 ponto percentual — maior aumento desde os anos 2000 — para combater a inflação no país.

Então, não seria o caso de baixar a guarda. Desde 1928, a mediana do número de dias em que o S&P 500 variou 2% (tanto para cima como para baixo) é de 8 dias em 250 pregões (um ano); somente nos quatro primeiros meses de 2022, já foi possível observar 14 desses dias voláteis.

Como comparação, em 2021 tivemos apenas sete dias em que o índice se moveu nessa magnitude.

O movimento atual, contudo, não se compara com o auge da pandemia, dois anos atrás, quando foram observados 44 dias com ganhos e quedas de 2%. Mas todos nós entendemos que aqueles eram tempos extraordinários: o índice não havia sido tão volátil desde 2008, na crise financeira mundial que devastou os mercados globais.

E caso a patada do urso atinja o principal índice acionário do mundo, as perdas ainda seriam consideráveis. Segundo o Bespoke Investment Group, considerando os 14 bear markets no S&P 500 desde a Segunda Guerra Mundial, a desvalorização média observada no índice foi de 30%, com uma duração de pouco mais de um ano entre a máxima e a mínima do período.

Nessas horas, um portfólio diversificado e um alto controle emocional são mais do que necessários para o investidor. Decisões irracionais tomadas em segundos podem colocar em risco um planejamento de anos.

Assim como no filme “O Regresso”, um ataque de urso pode tornar sua trajetória desgastante e até dolorida (embora não ao ponto de te tirar do jogo). Mas momentos como esses te dão ensinamentos necessários para que você possa atingir seus objetivos no longo prazo.

Enzo Pacheco é formado em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo e pós-graduado em Operador de Mercado Financeiro pela FIA. Um entusiasta do assunto “investimentos” — tendo se interessado desde os tempos de universitário —, desde 2017 foca exclusivamente na análise dos mercados internacionais nas séries da Empiricus voltadas a esse propósito (Investidor Internacional e MoneyBets).
Enzo Pacheco é formado em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo e pós-graduado em Operador de Mercado Financeiro pela FIA. Um entusiasta do assunto “investimentos” — tendo se interessado desde os tempos de universitário —, desde 2017 foca exclusivamente na análise dos mercados internacionais nas séries da Empiricus voltadas a esse propósito (Investidor Internacional e MoneyBets).
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