Mercados se preparam para volatilidade em meio às manobras de Trump no Fed

Os mercados financeiros podem enfrentar outro surto de volatilidade nos próximos seis meses, alertaram economistas, enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, entra em conflito com o Federal Reserve para exercer influência na política monetária.
As críticas persistentes de Trump ao conselho do Fed e ao chair da instituição, Jerome Powell, por não reduzirem as taxas de juros, além de sua tentativa de demitir a diretora Lisa Cook e da nomeação do conselheiro econômico da Casa Branca Stephen Miran como diretor do Fed, estão minando a confiança dos investidores na autoridade da instituição.
“O mercado está muito calmo por enquanto, (mas) a narrativa pode ficar feia nos próximos meses”, disse Sree Kochugovindan, economista sênior de pesquisa da abrdn, ao Reuters Global Markets Forum.
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“O significado a longo prazo da mudança na composição do Fed em fevereiro se torna mais importante”, disse ela, especialmente se os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) começarem a se desviar significativamente da “regra de Taylor”.
Nomeada em homenagem ao seu criador, o economista norte-americano John Taylor, em 1993, a “regra de Taylor” é uma fórmula bem conhecida para definir taxas de juros de curto prazo com base nos valores da inflação e no potencial de crescimento da economia.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse que a estrutura do Fed impede que um presidente “manipule o tabuleiro”, mas relatos sugerem que Trump pode buscar influência reformulando a forma como os 12 presidentes de bancos regionais são escolhidos e renomeados.
O risco de um conselho do Fed com maioria trumpista impedir a recondução de alguns presidentes regionais em fevereiro do ano que vem está “provavelmente subvalorizado”, disse Michael Brown, estrategista sênior de pesquisa da Pepperstone. Embora visto como um exercício de aprovação automática, “pode se mostrar mais politicamente influenciado desta vez”, acrescentou.
Steven Blitz, economista-chefe dos EUA na TS Lombard, disse que a iniciativa do governo Trump representa um “desmantelamento potencial do Fed”, indo além da questão da independência do banco central.