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Metas climáticas podem custar trilhões de dólares a petroestados

11 fev 2021, 12:40 - atualizado em 11 fev 2021, 12:40
O think tank financeiro calculou o impacto da transição dos combustíveis fósseis para fontes de energia de baixo carbono em 40 países que dependem mais das receitas de petróleo e gás (Imagem: REUTERS/Dominique Patton)

As economias de pelo menos 19 países dependentes das exportações de petróleo e gás podem perder trilhões de dólares em receitas até 2040 em razão das metas climáticas, de acordo com estudo publicado na quinta-feira.

Os resultados são um alerta para que nações dependentes de combustíveis fósseis diversifiquem suas economias e para que países mais ricos ajudem aqueles com finanças frágeis a conduzirem a transição para uma energia mais limpa, de acordo com relatório do Carbon Tracker.

O think tank financeiro calculou o impacto da transição dos combustíveis fósseis para fontes de energia de baixo carbono em 40 países que dependem mais das receitas de petróleo e gás.

Azerbaijão, Angola, Congo, Líbia, Nigéria e Arábia Saudita estavam entre os países nas categorias mais expostas: alguns podem perder cerca de 40% das receitas públicas totais. A Arábia Saudita e alguns outros exportadores de petróleo e gás do Golfo têm tomado medidas para reduzir a dependência das receitas de petróleo, e seriam mais protegidos pelos baixos custos de extração e grandes fundos soberanos, disse o estudo.

Irã, México e Rússia, com economias já mais diversificadas, perderiam entre 10% e 20% das receitas totais do governo até 2040. Ao todo, os 40 petroestados selecionados poderiam perder US$ 9 trilhões em receita com petróleo no período de 20 anos, segundo o estudo.

Andrew Grant, responsável por clima, energia e indústria do Carbon Tracker, disse que há riscos na suposição do relatório de que a demanda por petróleo e gás deve cair à medida que os governos agem para evitar que as temperaturas globais aumentem muito.

A maioria dos modelos de demanda indica um aumento do consumo nos próximos anos, apesar dos esforços para acelerar a substituição dos combustíveis fósseis.

O estudo baseou as conclusões em um preço médio do petróleo de US$ 40 por barril até 2040, em linha com um cenário da Agência Internacional de Energia que pressupõe que os governos farão o que for preciso para controlar a mudança climática. O valor se compara ao preço de US$ 60 compatível com o cenário típico da AIE.

A Opep prevê que a produção global anual de petróleo aumentará para 109 bilhões de barris em 2045 em relação aos 100 bilhões de barris em 2019, já que a demanda total por energia sustenta vendas de combustíveis fósseis, mesmo com a maior participação de mercado das energias renováveis.

“Talvez estejam certos, quem sabe”, disse Grant. No entanto, com mais governos comprometidos com a neutralidade de carbono até 2050 e as energias renováveis cada vez mais baratas, disse, “o rumo da viagem é claramente em direção a uma maior ambição e transição mais rápida”.

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