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MRV (MRVE3): Pessimistas, bancos cortam preço-alvo e ações despencam; é hora de comprar?

08 fev 2024, 17:18 - atualizado em 09 fev 2024, 11:09
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Ações da MRV despencam nesta quinta-feira e chegam ao menor valor em mais de um ano; empresa preocupa UBS BB e Safra (Foto: Flávya Pereira/Money Times)

As ações da MRV&Co (MRVE3) derreteram mais de 9% nesta quinta-feira (08), negociadas no patamar de R$ 6,70. É o menor valor intradiário desde janeiro de 2023.

Os papéis da construtora e incorporadora têm desempenho negativo no acumulado do ano, após o tombo de quase 30% em janeiro, mês em que a companhia divulgou a sua prévia operacional do quarto trimestre e o consolidado de 2023.

Porém, a desvalorização no pregão de hoje teve outros motivos. Antes mesmo da MRV divulgar o seu balanço financeiro, previsto para 29 de fevereiro, mais dois bancos cortaram a recomendação e o preço-alvo das ações.

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O UBS BB rebaixou a recomendação de compra para neutro, enquanto cortou o preço-alvo de R$ 20 para R$ 8,50, uma redução de quase 60%.

Os analistas Victor Tapia, Tainan Costa e Luma Paias avaliam que a empresa de construção civil tem mostrado “alta complexidade financeira”, tornando-se mais dependente de concessões de crédito (pro soluto).

“Isso está aumentando o risco e a complexidade do seu modelo de negócios no Brasil. Se a MRV parar de emitir novos CRIs [Certificados de Recebíveis Imobiliários], seu atual fluxo de caixa operacional, juntamente com suas emissões passadas, levaria a uma queima de caixa prejudicial no curto prazo”, comentam.

Com isso, a equipe do UBS BB presume que a construtora e incorporadora deverá emitir outros CRIs nos próximos anos, sendo de R$ 1,6 bilhão este ano; de R$ 1,2 bilhão em 2025; e de R$ 800 milhões em 2026 e em 2027, a um custo de CDI + 4%.

“Acreditamos que essas operações irão pesar consideravelmente nas despesas financeiras e no fluxo de caixa da MRV”, dizem. Entretanto, os analistas não veem preocupações com a inadimplência desses CRIs emitidos pela companhia.

Safra corta preço-alvo de MRV de olho em balanço

O banco Safra também revisou o preço-alvo para os papéis da empresa mineira e cortou de R$ 14,70 para R$ 11,80. A perspectiva mais pessimista do banco deve-se ao balanço financeiro da companhia.

Segundo os analistas Rafael Rehder, Luiza Mussi e Luiz Peçanha, a companhia exibe uma margem bruta mais lenta que o esperado.

“Para melhorar seu fluxo de caixa, acreditamos que a MRV começou a atrasar as obras de alguns empreendimentos e mostrar um desempenho de vendas mais positivo”, dizem. A equipe do Safra ainda destaca uma perda financeira acima do esperado com vendas recorrentes de recebíveis.

Desta forma, eles preveem um adicional de R$ 1,3 bilhão em vendas de recebíveis ao longo do ano, o que deve gerar R$ 229 milhões em juros sobre cessões de crédito e um prejuízo financeiro líquido de R$ 346 milhões. O montante está bem acima da estimativa anterior de R$ 108 milhões.

“Temos ainda estimativas mais baixas para as vendas da Resia [subsidiária norte-americana] em 2024 e 2025, após o ambiente ainda baixista no mercado dos Estados Unidos. Diante disso, prevemos lucro líquido moderado de R$ 16 milhões em 2024, mas de R$ 111 milhões em 2025″, acrescentam.

No entanto, o Safra manteve a recomendação de compra para MRVE3, destacando a melhoria contínua no desempenho operacional nos últimos trimestres. O que deverá beneficiar os resultados futuros da companhia.

Ainda assim, de acordo com o banco, 2024 ainda deve ser um período de transição para a MRV, uma vez que nem todos os lançamentos realizados durante o aumento da inflação, entre 2020 e o primeiro semestre de 2022, foram entregues. Para eles, isso pode pressionar o fluxo de caixa e a rentabilidade da construtora ao longo do ano.

É hora de comprar MRV?

Em entrevista ao Money Times, o CEO e gestor da Finacap, Luiz Fernando Araújo, comenta que a ação está a um preço “muito descontado”.

Na análise do executivo, no mercado desde a década de 1980, a MRV tem uma “execução absurda” e suas ações estão negociadas com um índice preço/lucro (P/L) de praticamente seu valor patrimonial. “Um preço/lucro abaixo de sete vezes”, diz.

Ele reforça que o negócio está “extremamente barato”, apesar dos problemas circunstanciais, como de inflação e do insumo utilizado na construção civil. O que afetou a margem da companhia nos últimos trimestres.

“É um negócio que está bem testado, mas a ação está uma barganha. O que a gente acha injustificada”, pondera.

Entre Tenda e MRV, qual o Santander prefere?

Em relatório recente, o Santander reforçou que, entre as construtoras de baixa renda, troca Tenda (TEND3) por MRV.

A equipe do banco espanhol observa que ambas se recuperam em ritmo um pouco mais lento do que inicialmente esperado pelo mercado. Entretanto, eles esperam que as empresas mineiras continuem se beneficiando de fortes melhorias no programa Minha Casa, Minha Vida.

“Preferimos a MRV, que tem uma avaliação mais descontada. Consideramos também que parte do mercado já tenha reduzido as estimativas de lucros para níveis bastante conservadores”, reforçam.

Apesar da preferência por MRVE3, no mês passado, o Santander cortou o preço-alvo das ações para 2024, de R$ 16 para R$ 13,50.

Também no mês passado, após a divulgação da prévia operacional, o Itaú BBA cortou as estimativas de R$ 13 para R$ 12. Apesar dos ajustes, os bancos seguiram com recomendação de compra.

Repórter
Jornalista mineira com experiência em TV, rádio, agência de notícias e sites na cobertura de mercado financeiro, empresas, agronegócio e entretenimento. Antes do Money Times, passou pelo Valor Econômico, Agência CMA, Canal Rural, RIT TV e outros.
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