Eleições

Na televisão, debate eleitoral tem mais audiência do que futebol

29 set 2022, 10:51 - atualizado em 29 set 2022, 10:51

Debate entre presidenciáveis

Acontece na quinta-feira (29), o último debate entre presidenciáveis no primeiro turno das eleições de 2022, que acontecem no dia 2 de outubro. Realizado pela TV Globo, o encontro entre os candidatos a presidência da República será a última oportunidade de colocar frente-a-frente (ou lado a lado devido ao posicionamento das câmeras ) aqueles que pretendem governar o país nos próximos quatro anos.

Mais do que isso, será a última vez, antes da votação, que será possível ouvir as ideias e propostas dos candidatos, já que a propaganda eleitoral se encerra hoje.

Com a evolução das tecnologias que diminuem os custos de produção e o crescimento das redes sociais que ampliam o alcance ao eleitor de todo o país, o debate na televisão segue relevante para a escolha dos candidatos?

Mais audiência que jogo de futebol

Apesar das críticas ao trabalho das emissoras de televisão, principalmente da TV Globo que recebe o debate desta quinta, a resposta é que os debates seguem tendo um alcance muito grande e relevante.

A televisão consegue algo que as redes sociais não conseguem: diversificar o alcance. Apesar da grande quantidade de seguidores, os candidatos não conseguem, com as redes sociais, falar com o eleitor indeciso ou contrário a ele e acaba apenas reforçando suas propostas para aqueles que já concordam com ele. O debate, ao colocar diversos candidatos juntos e ao mesmo tempo, aumenta a diversidade de espectadores.

Para o professor de comunicação da UFPE Heitor Rocha os debates são uma conquista da população e que “não são apenas vitrines, mas uma oportunidade de esclarecimento da população sobre as questões trazidas pelas candidaturas”, diz Heitor. “Ampliando um pouco, há o guia eleitoral que funciona também como um debate entre as campanhas. Acho que são grandes conquistas do sistema brasileiro”, diz.

Promovido pela TV Bandeirantes, o primeiro debate om os candidatos à presidência teve média de 13,3 pontos e foi sintonizada por 20,7% das TVs ligadas entre as 21h e as 23h49. Os dados da Kantar Ibope Media mostram um pico de 14,8 pontos, o que deixou a emissora na liderança por 42 minutos. Foi a terceira maior audiência da Band ano, superada apenas pelas transmissões dos jogos do Palmeiras no Mundial de Clubes.

Já o debate realizado pelo SBT, que não teve a participação de Lula (PT), teve números mais modestos, mas ainda importantes. Realizado no sábado, o encontro marcou 5 pontos no Ibope, número 56% superior ao que a emissora registra normalmente no horário.

Transmitido simultaneamente pela CNN Brasil, o debate marcou no canal fechado 1,9 pontos, muito superior aos 0,2 que a emissora registra normalmente no horário e bem superior ainda ao que costumam registrar os canais por assinatura, algo em torno de 0,5.

Debate aumenta a repercussão nas redes sociais

O ponto mais importante que o debate traz para as campanhas é o fato de conseguir repercutir ainda mais as falas dos candidatos nas redes sociais, ampliando ainda mais o alcance dos comentários.

O cientista político Antônio Torres, doutorando em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), acredita que os debates não são balas de prata, mas estão longe de ser dispensáveis para as campanhas. “Os debates hoje não funcionam mais como antes, quando o espectador que perdia o debate só iria ver trechos dele nos jornais da própria emissora ou na imprensa. Hoje não é mais assim. Na maioria das vezes, os debates servem para frases de efeito e ataques que sejam rápidos e bem elaborados para que sejam replicados várias e várias vezes nas redes sociais dos próprios candidatos”, diz Torres.

Na internet, a live com o debate no canal da Band do youtube chegou a ter 1,6 milhão de pessoas assistindo simultaneamente. O canal do youtube do UOL acumulou mais de 400 mil acessos simultâneos.

Em agosto, o número de menções aos candidatos à Presidência aumentou mais de sete vezes. Com isso, passou de 2,9 milhões, de julho, para 20,9 milhões de postagens, no mês passado.

“O que se passa na TV e no rádio interfere nas redes sociais”, diz Maria Paula Almada, pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INCT.DD), da Universidade Federal da Bahia (UFBA). “O material de debates, horário eleitoral e entrevistas ao Jornal Nacional reverbera tanto entre apoiadores quanto adversários, que vão tirar o que houve de negativo para circular nas redes.”

O crescimento na popularidade dos candidatos, de 620%, está relacionado ao início da campanha, no dia 16, e a eventos que atraíram o interesse dos eleitores. Os destaques são as sabatinas do Jornal Nacional, da TV Globo, e o debate organizado por Band, Cultura, UOL e Folha de S.Paulo.

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Editor
Formado em jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo, é editor de política, macroeconomia e Brasil do Money Times. Com passagens pelas redações de SBT, Record, UOL e CNN Brasil, atuou como produtor, repórter e editor.
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Formado em jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo, é editor de política, macroeconomia e Brasil do Money Times. Com passagens pelas redações de SBT, Record, UOL e CNN Brasil, atuou como produtor, repórter e editor.
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