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Não há visibilidade para as ações da Embraer, apontam analistas

02 jun 2020, 21:54 - atualizado em 02 jun 2020, 22:23
Embraer
A Embraer vai enfrentar desafios com possíveis postergações e/ou cancelamentos de pedidos (Imagem: Embraer)

O cenário está nublado para o futuro das ações da Embraer (EMBR3), avalia o analista Renato Hallgren do BB Investimentos. Ele cortou o preço-alvo para os papéis da fabricante de aeronaves de R$ 22,50 para R$ 14 e manteve a recomendação neutra.

O valor corresponde a um potencial de valorização de aproximadamente 70%.

“Ainda que uma possível proposta de parceria possa evoluir nos próximos meses, em nossa opinião, a Embraer vai enfrentar desafios com possíveis postergações e/ou cancelamentos de pedidos de seus clientes, considerando o cenário da indústria aérea mundial frente a crise do Covid-19”, destaca.

A empresa, que é a terceira maior fabricante de aviões do mundo, estaria aberta a novos parceiros de negócios após a Boeing (BA) ter desistido de um acordo de US$ 4,2 bilhões de dólares, afirmou o presidente da empresa brasileira à Reuters em uma entrevista recente.

“Não temos negociações em andamento no momento, mas sem dúvida são parceiros em potencial”, disse Gomes Neto sobre esses países. “Estamos avaliando esses mercados neste momento… mas ainda está em um estágio embrionário”.

A empresa americana anunciou nesta segunda-feira que levou a brasileira à arbitragem sobre o fracasso da joint-venture.

Até agora, só se sabia publicamente que a Embraer havia levado a Boeing à arbitragem, irritada com a forma como a fabricante de aviões dos EUA interrompeu abruptamente o acordo em abril, depois de anos trabalhando juntas.

“Esperamos que a Embraer seja reembolsada pelos custos da divisão comercial, mais a taxa de desmembramento. A Embraer pode receber uma indenização total de US$ 221 milhões. No entanto, continuamos a ver um cenário desafiador para a Embraer e mantemos nossa recomendação de venda com uma meta de preço estimada para o final de 2020 de R$ 5”, avaliam os analistas Victor Mizusaki e Flavia Meireles da Ágora Investimentos.

Boeing Setor Aéreo Empresas
A empresa, que é a terceira maior fabricante de aviões do mundo, estaria aberta a novos parceiros de negócios após a Boeing (BA) ter desistido de um acordo (Imagem: Reuters/Lindsey Wasson)

Resultados

O primeiro trimestre de 2020 terminou com um prejuízo líquido de R$ 1,2 bilhão. O valor negativo reportado pela companhia no mesmo intervalo de 2019 foi de R$ 160,8 milhões.

A receita líquida passou de R$ 3,1 bilhões para R$ 2,8 bilhões na mesma base de comparação, representando uma queda de 8%. O Ebitda atingiu R$ 47,6 milhões – contra os R$ 120,3 milhões reportados no início do ano passado.

“A Embraer apresentou resultado fraco no 1T20. Em função dos esforços de separação da divisão de aviação comercial da parceria com a Boeing, posteriormente cancelada, o volume de entregas foi impactado no primeiro mês do ano em que não houve entregas”, explica Hallgren.

Segundo ele, isto significa que não há visibilidade na retomada da carteira de pedidos (Backlog) nos próximos trimestres.

“A Embraer precisará ajustar sua estrutura ao novo cenário de menor fornecimento de aeronaves comerciais e crescente concorrência com a Airbus. O desenvolvimento de novos produtos, como o turboélice, poderia ser uma alternativa para reduzir a sobreposição com os fabricantes de aeronaves (OEM) europeus. Essa tecnologia já é usada nos aviões militares Super Tucano da Embraer”, destacam Mizusaki e Meireles, da Ágora.

Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
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