Não houve apoio generalizado para corte de 0,50 p.p. dos juros dos EUA, diz Powell

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse, nesta quarta-feira (17), que “não houve apoio generalizado” para um corte maior na taxa de juros dos Estados Unidos.
O banco central cortou a taxa em 0,25 ponto percentual (p.p.), para o intervalo de 4% a 4,25% ao ano. A decisão, no entanto, não foi unânime, uma vez que Stephen Miran — aliado de Donald Trump — votou em um ajuste de 0,50 p.p.
“Fizemos aumentos e cortes muito grandes nos juros nos últimos cinco anos e tendemos a fazê-los em um momento em que sentirmos que a política monetária está fora do lugar e precisa mudar rapidamente”, disse Powell em entrevista coletiva após a divulgação do comunicado.
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O presidente reforçou ainda que a autoridade monetária está “fortemente comprometida” em manter sua independência.
Ele afirmou também que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) está em uma “situação de reunião a reunião” em relação às perspectivas para a taxa de juros.
A mediana das novas projeções divulgadas hoje pelo Fed indica que os juros do país devem encerrar 2025 em 3,6%, prevendo mais duas reduções de 0,25 p.p. nas reuniões restantes deste ano.
Powell, no entanto, reforçou que as projeções não são uma orientação. “Não estamos em um caminho predefinido”, disse na coletiva.
Inflação e mercado de trabalho
O presidente do Fed afirmou que alguns dos cenários inflacionários mais negativos enfrentados pela economia perderam força.
“Desde abril, os riscos de uma inflação mais alta e mais persistente provavelmente se tornaram um pouco menores, e isso se deve, em parte, ao fato de o mercado de trabalho ter se enfraquecido e o crescimento do Produto Interno Bruto ter desacelerado.”
Powell disse que as tarifas comerciais estão aumentando as pressões sobre os preços, mas parece que será “um aumento de preço único”.
Segundo ele, o repasse dos preços mais altos provocados pelas tarifas tem sido pequeno e, no momento, o custo está sendo absorvido pelas empresas.
Em relação ao mercado de trabalho, o presidente afirmou que a desaceleração observada é “incomum” e reforçou que está mais ligada a fatores de imigração do que a políticas tarifárias.
“Com o aumento do lado negativo do emprego, o equilíbrio mudou”, disse.