Natura (NATU3) desaba até 18% com balanço ‘fraco’; veja o que fazer com as ações, segundo 5 analistas
As ações da Natura (NATU3) são o destaque negativo do Ibovespa (IBOV) no pregão desta terça-feira (11), após reportar prejuízo líquido recorrente de R$ 119 milhões referente ao terceiro trimestre desse ano (3T25). Analistas, em consenso, avaliam os números do balanço como fracos — e até mesmo a companhia se decepcionou.
Com destaque para queda de receita e de margem na comparação anual, as ações chegaram a cair mais de 18% na mínima do pregão.
Na avaliação do BTG Pactual, a Avon foi o destaque negativo tanto no Brasil quanto na América Latina, uma vez que os resultados foram prejudicados pela desaceleração do consumo no Brasil e pela piora da alavancagem operacional. Também no lado negativo, o banco destaca o aumento da alavancagem durante o período.
Na visão da equipe de analistas liderada por Luiz Guanais, existem três desafios estruturais para a Natura:
- Alavancagem elevada em um ambiente de altas taxas de juros;
- A recuperação da Avon na América Latina;
- Alienação da Avon International e a contenção de seu consumo de caixa – abordada com a transação anunciada em setembro.
“Embora a administração tenha feito esforços positivos para simplificar a estrutura corporativa, os resultados foram mais fracos do que o esperado (o que deve gerar uma reação negativa)”.
Para os analistas, a persistente fraqueza nas receitas e os desafios nos canais de distribuição provavelmente ofuscarão “seu atraente potencial de geração de caixa”. Na visão do BTG, é improvável que os investidores paguem antecipadamente pela opcionalidade futura do fluxo de caixa livre.
O BB Investimentos pondera que, com o cenário macroeconômico mais restritivo e em desaceleração, a venda de produtos não essenciais como os comercializados pela Natura tende a sofrer mais.
“Soma-se a isso as implementações da Onda 2 na Argentina e no México que ainda não se estabilizaram e impactaram negativamente os números consolidados da empresa, além de outras questões operacionais, como a migração da fábrica na Avon e a transição da revista física para a digital na Argentina”, diz a casa.
Ainda que o BB reconheça o avanço do processo de simplificação da Natura e veja certa esperança no relançamento da marca Avon programado para o primeiro semestre de 2026, a avaliação é de que o momento desafiador continua.
“O cenário macro deve continuar restritivo até o início do ano que vem – quando se espera o início do ciclo de baixa da Selic – e a companhia está em um momento de investimentos e mudanças importantes que ainda não beneficiaram o balanço da Natura Cosméticos”, dizem os analistas.
O que esperar?
O Bradesco BBI já esperava uma reação negativa das ações no pregão desta terça-feira (11), uma vez que o mercado esperava um trimestre pressionado, mas não nessa magnitude, o que pode levar o consenso a revisar para baixo as estimativas de vendas/Ebitda, na visão da casa.
Os números do trimestre adicionam incerteza em relação ao ritmo de normalização, bem como às projeções de vendas/Ebitda para o futuro, tanto no Brasil quanto nos mercados hispânicos, vê a casa.
“O 4º trimestre não parece ser um ponto de virada do ponto de vista do crescimento (a base comparável é mais forte em relação ao trimestre anterior). Do ponto de vista da lucratividade, a empresa reiterou a projeção de expansão anual da margem Ebitda em 2025, mas isso não deve ser uma tarefa difícil, já que a dos primeiros nove meses está apenas 0,30 ponto percentual abaixo do ano anterior, a 13,4%, enquanto a base comparável do 4º trimestre é mais fraca, a 9,6%”, diz o BBI
O Santander pondera que a perspectiva para a Natura permanece cautelosa, apesar de algumas melhorias sequenciais esperadas.
Os analistas destacam que a administração reiterou sua visão de que a expansão da margem Ebitda em relação ao ano anterior para todo o ano de 2025 é alcançável e espera que as eficiências em despesas gerais e administrativas surjam a partir do 4º trimestre de 2025.
O Itaú BBA reforça que os resultados vieram aquém das já baixas expectativas e os analistas veem revisões para baixo a caminho.
“Os resultados do 3º trimestre de 2025 evidenciaram um ambiente operacional mais desafiador do que o esperado, e o cenário macroeconômico adverso contínuo limita o potencial de valorização no curto prazo.
A fraca geração de caixa permanece uma preocupação fundamental, aumentando a importância do 4º trimestre, que deverá se beneficiar da sazonalidade e do progresso da integração da Fase 2.
Olhando para o futuro, para os analistas o sentimento deverá melhorar apenas com evidências claras de melhoria no fluxo de caixa livre – um fator crucial para esta tese.
“No curto prazo, esperamos que os desafios operacionais continuem a impactar negativamente os resultados e o sentimento dos investidores, limitando o desempenho das ações”, diz o BBA.
O que fazer com as ações da Natura?
| Banco/Corretora | Recomendação | Preço-alvo |
|---|---|---|
| BTG Pactual | Neutra | R$ 18 |
| BB Investimentos | Neutra | R$ 17,30 |
| Santander | Neutra | R$ 11 |
| Bradesco BBI | Compra | R$ 17 |
| Itaú BBA | Outperform (equivalente à compra) | R$ 13 |