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Nem Lula, nem Bolsonaro: Veja o que deve ditar o ritmo do Ibovespa no longo prazo

14 out 2022, 14:47 - atualizado em 14 out 2022, 19:26
Mercados Ibovespa eleições recessão
Possível recessão global deve ditar o ritmo dos mercados no longo prazo, dizem especialistas (Imagem: Diana Cheng/Money Times)

A 16 dias do segundo turno das eleições — que acontece no dia 30 de outubro —, os investidores já se atentam aos eventuais impactos do evento no Ibovespa (IBOV).

No entanto, segundo especialistas, as eleições já estão precificadas na Bolsa brasileira, tanto em um cenário positivo para Lula (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto, quanto para Jair Bolsonaro (PL). O que preocupa o mercado no longo prazo é uma possível recessão global.

O economista da Valor Investimentos Gabriel Meira afirma que o segundo turno não guarda grandes surpresas para o Ibovespa e a volatilidade deve seguir como já está.

“O mercado já precificou ambos os lados. O lado do Bolsonaro, o mercado já entende como vai funcionar. E, o lado do Lula, apesar de ter um certo receio, o mercado já sabe que, mesmo com ideias mais radicais, ele encontrará resistência em um congresso de maioria de direita”, explica.

Pedro Serra, chefe de pesquisas da Ativa Investimentos, ressalta que, passado o estresse das eleições, uma eventual recessão global deve reduzir o apetite ao risco no mundo. Tal cenário deve respingar nos mercados emergentes. “Se a situação azedar no exterior, será difícil de escapar aqui no Brasil”, avalia.

Recessão preocupa no longo prazo

Os indicadores que apontam uma recessão global se mostram cada vez mais fortes. O presidente do Banco Mundial, David Malpass, e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, já disseram que esse risco é crescente, principalmente devido à inflação, que ainda é um problema contínuo após a invasão da Ucrânia.

Brasil não foge desse cenário, apesar de já ter se antecipado nas medidas para controle da inflação. A previsão é que o país sofra uma desaceleração econômica brusca com a queda de outras potências.

O Relatório Focus desta semana aponta que o mercado espera que o Produto Interno Bruto (PIB) do país encerre 2023 em 0,54% – ante crescimento de 2,70% deste ano.

Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, afirma que o receio do mercado é que os Estados Unidos, com a recessão, puxe os demais países para um processo de desaceleração.

Diante desse cenário, a recessão é quem deve ditar o ritmo dos mercados internacionais — e até mesmo o nacional — no longo prazo.

Segundo Serra, da Ativa, no Brasil, desde o momento em que o mercado começou a enxergar o fim do aperto monetário, os ativos brasileiros começaram a valorizar e o apetite ao risco foi aflorado.

Já no mercado internacional, essa perspectiva de fim do ciclo de altas dos juros e consequente controle da inflação ainda não ocorreu e, segundo o especialista, não deve acontecer em 2022.

Serra explica que a recessão das grandes economias reduz o apetite ao risco no mercado global.

Em um cenário mais otimista, Meira, da Valor, cogita que os investidores brasileiros colham os frutos de uma bolsa mais barata e de uma retomada da taxa a patamares mais baixos, devido ao fato do Brasil ter antecipado o reajuste dos juros.

O Ibovespa está imune às eleições?

Apesar do mercado já ter se preparado para os possíveis desfechos das eleições de 2022, os ativos da Bolsa brasileira ainda podem ser impactados pelo evento, ainda que sem movimentos bruscos.

No entanto, os especialistas da Ativa e da Valor afirmam que a Bolsa está barata e, por isso, o momento é interessante para adicionar risco à carteira de investimentos.

Eles ainda ressaltam que alguns setores específicos — como o de commodities e as estatais — ficam a quem das pesquisas presidenciais e do resultado das eleições.

Pedro Serra, inclusive, não indica a compra de estatais antes do segundo turno. Para ele, é interessante esperar o resultado, e, nesse meio tempo, focar em setores mais desconectados da política, como os domésticos — saúde e consumo, por exemplo.

Gabriel Meira ainda ressalta que, passado o segundo turno das eleições, a Bolsa deve andar mais e o mercado terá uma noção mais clara do que deve acontecer com o Ibovespa no próximo ano.

Do lado de renda fixa, o economista destaca que é interessante continuar aproveitando as taxas ainda elevadas.

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Editora-assistente no Money Times e graduanda em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
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