Economia

“Nostradamus do Mercado” previu grande depressão, subprime e recessões há 150 anos; entenda

25 mar 2023, 12:00 - atualizado em 25 mar 2023, 13:26
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A teoria de Benner é, de forma simplificada, que existe um padrão de tempos de abundância seguido por um evento impactante e por fim, um período de recessão econômica (Imagem: Freepik/rawpixel.com)

Samuel Benner, um fazendeiro de Ohio, Estados Unidos, do século 19 que queria apenas entender o melhor momento para vender seus produtos como algodão, feno e milho. O que ele possivelmente poderia ter a ver com o momento atual da economia como a quebra do SVB e as crises bancárias?

É isso que espantam analistas, que revivem as ideias de Benner na Internet. O fazendeiro elaborou uma tese em 1875 de ciclos econômicos, mais tarde conhecido como “Ciclo de Benner”, onde busca prever os momentos de acúmulos de riquezas e de recessões econômicas.

O que é o Cíclo de Benner?

A teoria de Benner é, de forma simplificada, que existe um padrão de tempos de abundância seguido por um evento impactante e por fim, um período de recessão econômica. O fazendeiro aplicou em um modelo concreto e deu nome aos bois, ou aos anos.

Em 1875, publicou um livro chamado “Profecias de Benner: Futuros altos e baixos nos preços”.

O livro continha tabelas de preços de ferro-gusa, milho, suínos e algodão. Como disse Benner, era para informar outras pessoas sobre como “ganhar dinheiro com ferro-gusa, milho, porcos e algodão”.

Reza a lenda, mas não se sabe ao certo, que ele era um fazendeiro rico que sofreu muito financeiramente pelo pânico de 1873. Após estudar, diz ter descoberto um alto grau de ciclicidade em sua busca pelas razões por trás das mudanças no mercado.

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Os três ciclos de Benner consistiam em:

  • Os preços do milho e do suíno seguem um ciclo de 11 anos, com picos ocorrendo a cada cinco e seis anos alternadamente.
  • Os preços do algodão flutuaram em ciclos com picos de 11 anos.
  • Um ciclo de 27 anos no preço do ferro-gusa, com pontos baixos ocorrendo a cada 11 e 9 anos e picos ocorrendo a cada 8 e 10 anos.
Brener Cíclo
(Fonte: Profecias de Benners: Futuros altos e baixos nos preços.)

O gráfico consiste em tentar prever  os anos de pânico, os anos de bons tempos e os anos de dificuldades.

  • Nos anos de pânico, o mercado compra ou vende uma ação irracionalmente até que seu preço dispare ou despenque.
  • Em tempos bons, os preços são altos e o melhor momento para negociar ações, commodities e outros ativos.
  • Em anos desafiadores, estoques, produtos e ativos adquiridos são mantidos até os anos de “boom” de tempos prósperos, quando devem ser vendidos.

Benner inclusive escreve abaixo do documento a frase “sure thing, save this card and watch it closely”, ou “dado como certo, salve esse cartão e olhe com atenção”.

Dicas de um fazendeiro de 1875 poderiam ter evitado grandes prejuízos

O resultado de alguém que tenha resolvido seguir os conselhos do fazendeiro, foram em sua grande e assustadora maioria positivos.

Em 1924 ele recomendou a compra de ativos, até 1926, quando Benner categorizou como bons anos para vender, porque a economia estaria abundante. Já a partir de 1927, recomendou cautela.

Contextualizando, os Estados Unidos estavam economicamente fortes até 1925, a economia esteve realmente em um crescimento econômico abundante durante esses anos como Benner previu.

Mas a partir de 1926, quando Benner recomendou a venda seguindo seus cálculos. Foi justamente quando a Europa começou a se reerguer após a primeira guerra mundial, recuperando mercados consumidores e passando a comprar menos dos Estados Unidos.

De 1927 até 1929 foi apontado pelo fazendeiro como anos dentro de uma área onde um evento de grande colapso estava por vir.

Àqueles que não se recordam, 1929, após a primeira guerra mundial aconteceu uma das piores crises econômicas dos Estados Unidos, chamada de “grande depressão”.

Durante boa parte do período a recomendação de Benner aponta para acumular ativos.

De 1969 até 1972 a recomendação de Benner também de comprar e acumular ativos. Foi nessa época do chamado “Milagre Econômico”, onde o crédito internacional barato fez com que os países da América Latina se endividarem além de seus limites.

Em 1980, Benner classificou o ciclo como sendo o grande evento que iria abalar os mercados, que foi justamente onde os efeitos da década anterior foram sentidos.

Não à toa, no Brasil é chamada de “década perdida, e no Japão “bolhas estouravam”. Mas de 1985 até 1990 o ciclo seria de compra outra vez, por conta de baixos preços e economia fragilizada.

O ano de 1999 é destacado como ano de pânico. E sim, foi mais um ano de crise. Em 1998, uma grande crise assolou os mercados globais.

A queda dos preços das commodities agravou a crise da Rússia, que estava em um momento de transição do socialismo para o capitalismo. Momento bom para comprar ativos em 2005, e vender eles em 2007. Além de ser um fato, também foi previsto pelo fazendeiro.

Apesar de não apontar 2008, conhecida como a crise do subprime, como grande catástrofe, a recomendação de venda em 2007 poderia ter salvado a economia de muitos.

Em 2019, o grande evento que abalaria a economia mundial. Duraria até meados de 2021, o ponto certo de venda. Depois disso, começa o ciclo de acumular. O ano de 2023 seria de economia fraca.

O que o Nostradamus do Mercado prevê para os próximos anos?

Segundo Benner, o pico de abundância virá novamente no final de 2025 para 2026. Nesse momento, a recomendação é de vender o que acumulou durante 2022 em diante. Em 2032 a economia estará novamente enfraquecida.

Mas em 2034 a economia irá triunfar novamente. Apenas para que, em 2035 e 2056 haja momentos economicamente catastróficos, a maior curiosidade é o que poderia ser, o que não é, nem em nenhuma outra foi falado.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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