O balanço dos balanços: Resultados das big techs apontam ‘impaciência’ dos investidores com IA
A temporada de balanços das grandes empresas de tecnologia, as chamadas big techs, chegou ao fim e nomes como Alphabet (dona do Google), Microsoft, Meta (ex-Facebook) e Amazon mostraram mais uma vez seus sólidos resultados.
Em termos de lucros e receitas, as big techs não têm do que reclamar: todas as empresas de tecnologia entregaram crescimento. Dentre elas, o menor crescimento do lucro por ação (LPA ou EPS, na sigla em inglês) foi da ordem de 12%, da Microsoft — e o maior deles, de 52%, ficou para a Amazon.
No entanto, um ponto chama a atenção dos investidores e analistas: o investimento é cada vez maior — e contínuo — em infraestrutura, ligada especificamente à inteligência artificial (IA).
É verdade que teses ligadas à IA têm sido a “joia da coroa” das bolsas nos Estados Unidos, que vêm sendo impulsionadas por empresas de vários setores.
O próprio S&P 500, onde essas empresas estão abrigadas, vem renovando seus recordes e já sobe mais de 16% no acumulado de 2025 — lembrando que o índice abriga cerca de 500 empresas de capital aberto listadas na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE, na sigla em inglês) e na Nasdaq.
Juntas, Alphabet, Microsoft, Meta e Amazon valem US$ 11,4 trilhões, montante que não para de crescer, sustentado pela tese da IA.
No entanto, estaríamos chegando no ponto de uma bolha no mercado se formando?
Na ponta do lápis: Investimentos em inteligência artificial das big techs
Um trimestre atrás do outro, as empresas de tecnologia vêm fazendo aportes e aquisições bilionárias focadas em IA.
Até o fim do ano, a Alphabet pretende alocar um capex (investimento em infraestrutura) entre US$ 91 bilhões e US$ 93 bilhões, com foco em investimentos em data centers próprios e semicondutores internos.
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A Microsoft também abriu os bolsos para investir US$ 34,9 bilhões só no terceiro trimestre de 2025, um crescimento de 74% na comparação anual.
Meta e Amazon não ficaram para trás, vendo um crescimento do capex anualizado de 32% (para US$ 30,7 bilhões) e 78% (para US$ 115,9 bilhões), respectivamente, apostando fortemente em infraestrutura, data centers e IA.
É sustentável no longo prazo?
Um relatório recente do JP Morgan sugere que, para gerar um retorno de 10% sobre investimentos em IA até 2030, seria necessário um faturamento anual de aproximadamente US$ 650 bilhões por ano, “o que é um número espantosamente grande”, escreve o banco.
Isso equivale, diz o relatório, a um pagamento recorrente mensal extra de US$ 34,72 de cada usuário de iPhone ou US$ 180 de cada assinante da Netflix.
“Nosso maior medo seria a repetição das experiências de construção de telecomunicações e fibra, onde a curva de receita não se materializou em um ritmo que justificasse o investimento contínuo”, escrevem os analistas.
É verdade que, atualmente, as empresas geram montantes bilionários de caixa e receita, o que aparenta não ser um problema no curto e médio prazo.
| Empresa | Receita Últimos 12 Meses (até 3T25) | Receita Q3 2025 | Crescimento YoY (últimos 12 meses) |
| Alphabet | US$ 385,5 bilhões | US$ 102,35 bilhões | 13,42% |
| Microsoft | US$ 224,2 bilhões | US$ 77,7 bilhões | 16,70% |
| Meta | US$ 189,5 bilhões | US$ 51,24 bilhões | 26,2% |
| Amazon | US$ 691,3 bilhões | US$ 180,2 bilhões | 11,50% |
Fonte: Levantamento Money Times.
Entretanto, os investidores e analistas começam a lançar dúvidas sobre o quanto isso é sustentável no longo prazo sem que a IA comece a gerar retorno por si só, tendo em vista que, do ponto de vista das big techs, o financiamento desses investimentos vem de outras áreas.