Opinião

O caos na saúde mundial: nem os EUA conseguem fazer máscaras N95 em escala

17 maio 2020, 12:42 - atualizado em 17 maio 2020, 12:44
Mascara, Coronavírus
O coração do problema relacionado às máscaras N95 é a sua produção restrita, que necessita de uma máquina que transforma o polipropileno naquilo que se chama “polipropileno meltblown” (Imagem: Pixabay)

O mercado mundial de equipamentos e insumos médico-hospitalares está em situação de caos. Reportagem publicada pelo Wall Street Journal em 8 de maio mostra que mesmo nos Estados Unidos as carências produtivas deixam na mão várias instituições de saúde de vários estados.

Importadores de produtos como máscaras, ventiladores pulmonares, capotes impermeáveis, luvas e outros dizem que o mercado já virou de cabeça para baixo. Oportunistas entraram para conseguir um lucro fácil, os preços foram às alturas, e há muitos contratos de compra e venda que simplesmente não chegam a bom termo.

Enquanto isso, a 3M, principal fabricante das máscaras N95 nos Estados Unidos, está sob pressão de produzir mais e mais rápido, no entanto sem conseguir dar conta.

O coração do problema relacionado às máscaras N95 é a máquina que transforma o polipropileno naquilo que se chama de “polipropileno meltblown”. O material entra numa câmara, onde recebe um jato de ar quente que o desfaz e o recompõe em forma de uma fibra sintética com espessura de um mícron. Isto já é escala nano. Ou seja, de certa forma a N95 é um produto de nanotecnologia (embora seja por processamento, não por síntese).

A capacidade produtiva de produzir o polipropileno meltblown é geograficamente restrita. Ao que parece, a China é um dos poucos lugares que consegue dar escala de produção neste material em condição de responder à demanda da pandemia.

Para além disso, o Wall Street Journal relata confusão na provisão de produtos bem menos complexos, tais como capotes impermeáveis e luvas. Quem diria: até nos Estados Unidos a desindustrialização avançou a este ponto. O caso relatado pelo WSJ é similar ao que já aconteceu com o governo do Pará e algumas prefeituras no Brasil, no desespero de comprar mais ventiladores pulmonares.

Por Fausto Oliveira, para o blog do Paulo Gala.

Referências:

https://www.wsj.com/articles/an-anarchic-gray-market-controls-vital-supply-of-protective-gear-11588958295

https://youtu.be/SsQ8MQMSK8w

https://youtu.be/44UCiAn1gPc

CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR
Graduado em Economia pela FEA/USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi professor visitante nas Universidades de Cambridge UK em 2004 e Columbia NY em 2005. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR.
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Graduado em Economia pela FEA/USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi professor visitante nas Universidades de Cambridge UK em 2004 e Columbia NY em 2005. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR.
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