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O desafio do seguro rural: Recursos escassos na LOA 2025 e a oportunidade perdida com emendas

22 mar 2025, 10:05 - atualizado em 22 mar 2025, 10:11
Seguro rural orçamento (1)
(iStock.com/shiota)

O orçamento previsto para emendas parlamentares em 2025 atingiu a marca recorde de R$ 55,5 bilhões, enquanto o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) foi contemplado com um orçamento muito aquém das necessidades do setor.

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Na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025, o PSR recebeu apenas R$ 1.06 bilhão, valor insuficiente para garantir uma cobertura ampla e eficiente aos produtores rurais, principalmente diante dos desafios climáticos e da volatilidade do mercado agropecuário
.
O Comitê Gestor Interministerial do Seguro Rural (CGSR), por meio da Resolução nº 103/2024, aprovou em setembro de 2024 a possibilidade de utilização de recursos provenientes de emendas parlamentares para custear projetos regionais de seguro rural.

A iniciativa surgiu como uma alternativa para suprir a limitação de recursos destinados ao PSR, permitindo que parlamentares direcionassem parte de suas emendas para fortalecer a cobertura do seguro agrícola em suas bases eleitorais.

A proposta visava aproximar o setor segurador do parlamento, incentivando o desenvolvimento de projetos voltados ao atendimento de assentamentos, cooperativas e regiões agrícolas com maior vulnerabilidade.

No entanto, para que isso ocorresse de forma eficaz, o mercado de seguros precisaria investir em um relacionamento institucional mais estratégico com os legisladores, apresentando projetos bem estruturados e justificativas sólidas para a alocação de recursos.

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Oportunidade desperdiçada?

O que se observa, no entanto, é um cenário repetitivo: o setor do seguro rural e os parlamentares novamente passarão o ano reclamando da falta de recursos, enquanto o montante recorde de emendas parlamentares será distribuído entre eventos festivos, inaugurações e outras ações de menor impacto estratégico para a segurança do agronegócio.

É evidente que iniciativas culturais e sociais possuem sua importância, mas é preciso debater quais são as verdadeiras prioridades para a sociedade.

Se o setor de seguro rural depende de recursos públicos para viabilizar suas operações, é fundamental que ele aprimore suas estratégias de articulação política e institucional. A falta de um movimento coordenado para aproveitar as emendas parlamentares como fonte de financiamento do PSR demonstra uma falha de organização e planejamento.

Enquanto outros setores se mobilizam de forma eficaz junto ao legislativo para garantir aportes financeiros expressivos, o seguro rural ainda carece de uma estratégia bem definida para captar e utilizar esses recursos de maneira efetiva.

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O caminho a seguir para o seguro rural

O setor segurador precisa entender que os recursos públicos não serão alocados de maneira automática. É necessário desenvolver projetos convincentes, engajar-se em discussões legislativas e demonstrar de forma clara o impacto positivo do seguro rural na sustentabilidade do agronegócio.

Os parlamentares, por sua vez, devem enxergar o seguro rural como um investimento essencial para a estabilidade da produção agrícola e a segurança alimentar do país, e não apenas como um item secundário no orçamento.

Se não houver uma mudança na postura do setor e dos parlamentares, 2025 será mais um ano de reclamações vazias, enquanto bilhões em emendas parlamentares são direcionados para iniciativas de menor relevância estratégica.

A lição que fica é clara: um setor que depende de recursos públicos deve se profissionalizar politicamente, caso contrário, continuará refém das limitações orçamentárias e da falta de visão de longo prazo.

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Ex-Diretor de Gestão de Risco da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), bacharel em Direito e Administração, e MBA em Agronegócio pela Esalq/USP. Atualmente, atua como Consultor Técnico da Câmara Temática de Gestão de Risco Agropecuário do MAPA e é sócio e consultor da AgroStratégia Consultoria e Negócios.
jonatas.pulquerio@moneytimes.com.br
Ex-Diretor de Gestão de Risco da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), bacharel em Direito e Administração, e MBA em Agronegócio pela Esalq/USP. Atualmente, atua como Consultor Técnico da Câmara Temática de Gestão de Risco Agropecuário do MAPA e é sócio e consultor da AgroStratégia Consultoria e Negócios.

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