‘O mau exemplo das recuperações judiciais é mais preocupante que a crise climática’, diz secretário do Mapa

O Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Guilherme Campos, disse enxergar um ano desafiador para o agronegócio brasileiro durante o Bradesco BBI Agro Summit 2.0, realizado nesta quinta-feira (11) no Hotel Rosewood em São Paulo.
Na avaliação de Campos, os desafios se dão principalmente pela taxa Selic atual, de 15%, que aperta a rentabilidade do produtor e exige excelência na gestão dos negócios.
Segundo ele, apesar dos bons momentos e recordes de produção dos últimos anos, crises como as mudanças climáticas e instabilidades geopolíticas têm gerado insegurança. Campos também citou os menores preços para commodities agrícolas.
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“Muita gente entrou no agro acreditando que era o verdadeiro ‘negócio da China’ e foi se aventurando. Quando ocorre uma instabilidade, você consegue separar quem é do ramo e quem não é. A seletividade por parte dos agentes do sistema financeiro está presente. Temos o mau exemplo das recuperações judiciais que se espalharam pelo país e se tornaram em uma questão até endêmica, e que eu vejo como mais preocupante que a própria questão climática”.
Do lado positivo, Campos disse que a queda do dólar tem ajudado os custos de produção no Brasil, projetando um cenário de acomodação para o país.
“Temos o melhor produtor rural do mundo, que não tem medo de investir e enfrentar desafios, sendo absolutamente aberto às novas tecnologias e inovações. O governo brasileiro tem como primeira meta não atrapalhar quem trabalha, se nós pudermos ajudar, é o Nirvana. Estamos sempre em parceria com o setor privado para sairmos de celeiro para supermercado do mundo. O Brasil vende do jeito que o cliente quer.”
A fala ocorreu durante o painel de abertura “Diálogo pelo Futuro do Agro: Governadores e Ministério da Agricultura”, moderado por Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco, que também contou com a participação de Ronaldo Caiado, Governador de Goiás.