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O mercado está ignorando o potencial da Natura?

09 set 2021, 19:05 - atualizado em 09 set 2021, 19:22
Natura
Mesmo com a segunda onda de casos da Covid, que atrapalhou o desempenho da companhia, sobretudo no primeiro trimestre, a empresa tem mostrado serviço (Imagem: Diana Cheng/Money Times)

As ações da Natura (NTCO3) praticamente andaram de lado em 2021: acumulam queda 5,75%.

Para o BB Investimentos, em relatório enviado a clientes e obtido pelo Money Times, essa performance não reflete o real valor da Natura. 

Na visão da corretora, mesmo com a segunda onda de casos da Covid, que atrapalhou o desempenho da companhia, sobretudo no primeiro trimestre, a empresa tem mostrado serviço.

“Entendemos que o preço corrente não reflete adequadamente os resultados positivos que o grupo vem atingindo no curso da pandemia, além dos avanços na integração da Avon, com o início da captação das sinergias acima do estimado inicialmente”, afirma.

O BB elevou o preço-alvo da Natura  para o final de 2022 para R$ 64,10, potencial de alta de 25%.

O que esperar daqui para frente?

A analista Georgia Jorge, que assina o relatório, não descarta que a companhia siga sofrendo com as restrições ao comércio em algumas localidades. Porém, o grupo está mais preparado para enfrentar esses desafios, argumenta. 

“Além disso, seu crescimento e rentabilidade devem continuar evoluindo conforme as operações sejam retomadas à normalidade, haja maior digitalização das vendas e a integração e turnaround da Avon siga tomando corpo”, completa.

Arrumando a casa

Um dos aspectos que mais chama a atenção é como a Natura está recuperando a Avon. Entre pontos que Georgia destaca, está:

  • a implantação de um piloto do novo modelo comercial nos países nórdicos e na África do Sul, com o objetivo de aumentar a produtividade das representantes;
  • início da produção do Body Butter (produto icônico da marca The Body Shop) na fábrica da Avon localizada na Polônia;
  • maiores investimentos em digital, TI e marketing para impulsionar o crescimento futuro.

No segundo trimestre, excluindo efeitos negativos decorrentes de um acidente cibernético que prejudicou as vendas da marca Avon no segundo trimestre, a receita líquida da Avon América Latina cresceu 28% em reais ou 25,6% em moeda constante. Já a Avon International saltou 28,9% em reais ou 22,6% em moeda constante.

Natura: onde o sol não se põe

Outra carta na manga da Natura é sua presença geográfica. A analista lembra que a companhia segue com desempenho superior no mercado CFT (Cosméticos, Fragrâncias e Higiene Pessoal) no Brasil, bem como forte crescimento na Argentina e Peru, sendo que o México se tornou o maior mercado da Natura em vendas após o Brasil.

“A Avon vem ganhando espaço na América Latina e em mercados-chave como Filipinas, África do Sul, Romênia e Itália, enquanto no Reino Unido a marca vem se destacando em cuidados com a pele”, pontua. 

No caso da inovação, a especialista diz que a marca lançou uma nova linha da marca Ekos, apresentando um novo ativo da biodiversidade da Amazônia (tucumã), enquanto a The Body Shop rejuvenesceu as linhas White Musk e Body Butter, que passam a contar com embalagens de alumínio plástico 100% reciclado.

Riscos

O BB Investimentos afirma ainda que os principais riscos para a tese de investimentos da Natura são:

  • incapacidade de integrar suas plataformas físicas (vendas diretas e lojas) ao comércio eletrônico, perdendo espaço para os concorrentes;
  • incapacidade de criar produtos inovadores e bem-sucedidos, além de atrair e reter consultores independentes;
  • incapacidade de integrar as divisões de negócios resultantes de fusões e aquisições.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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