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O problema da volatilidade em fundos de ações e nas decisões cotidianas

14 jul 2025, 16:26 - atualizado em 14 jul 2025, 16:26
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A taxa de investimento privado está caindo e como o governo gasta muito de forma irresponsável

Um investidor aplicou R$ 100 mil em um determinado fundo de ações, mas por conta do cenário viu o ativo desvalorizar 20%, ficando com R$ 80 mil.

Para voltar ao ponto inicial, ou seja, os mesmos R$ 100 mil do primeiro depósito, a aplicação deverá valorizar 25%. Basta fazer uma conta simples para confirmar isso.

Como se observa, recuperar perdas é sempre mais difícil e exige inteligência para conseguir.

Em outras palavras, quedas acentuadas em investimentos quase sempre exigem que se assuma mais risco para simplesmente voltar ao ponto de partida.

O investidor tanto pode investir mais no mesmo fundo acreditando que ele vai subir quanto pode diversificar escolhendo outros ativos, mas sempre assumindo algum risco novo.

E como não somos totalmente racionais, isso acaba nos empurrando para decisões impulsivas, influenciadas por nossos vieses cognitivos.

Afinal, sentir a dor de uma perda é, em média, duas vezes mais intenso do que o prazer de um ganho e esse desequilíbrio emocional pesa na tomada de decisões.

Como podemos ver, quanto maior a volatilidade, maior a chance de que nossas escolhas sejam guiadas mais pela dor e pelo medo do que pela razão.

Por isso, criar um ambiente onde as emoções estejam sob controle é essencial para decidir melhor, não só em renda variável, mas em quase tudo na vida.

Comprar ou alugar um imóvel? Ter carro próprio ou usar serviços sob demanda? Às vezes, a conta fecha no papel, mas emocionalmente não faz sentido e isso influência nossa disposição futura a correr riscos, impactando decisões financeiras, profissionais e até pessoais.

É por isso que ambientes de alta volatilidade costumam gerar decisões erráticas, impulsivas e pouco racionais.

Mas o ponto mais perigoso nem sempre está onde há volatilidade aparente. No crédito privado corporativo, por exemplo, não há tela piscando.

O preço não muda, o extrato não assusta, e por isso o risco parece não existir. Mas ele está lá, silencioso, escondido.

E justamente por não vermos a volatilidade, perdemos a sensibilidade ao risco real. O investidor só se dá conta quando é tarde demais.

Investimentos lastreados em crédito privado costumam ter rentabilidade atraente e são considerados, tecnicamente, investimentos de renda fixa porque a remuneração geralmente é prefixada, pós-fixada (atrelada ao CDI ou IPCA) ou híbrida, como acontece com outros investimentos de renda fixa. Porém, é preciso atenção, pois possuem risco de crédito (alguns mais outros menos) e dependem da capacidade de pagamento dos devedores dos recebíveis.

Se o devedor deixar de honrar as parcelas a perda pode ser total.

E não existe pagar meia parcela ou um quarto dela. Ou paga a parcela cheia do título ou não paga nada.

Daí o prejuízo alto e repentino para quem investe neste tipo de ativo. Mas como acompanhar? Não dá.

Só se descobre quando a catástrofe vem. Daí a importância de analisar corretamente o fundo, verificar se ele foi bem estruturado e a qualidade dos ativos que o compõem.

Para encerrar, volto à questão da volatilidade e do efeito dela nas decisões. Depois de uma perda acentuada e sob forte emoção, não é nada difícil um investidor decidir investir em um fundo errado, seja qual for, só porque ele promete rentabilidade alta. A intenção é recuperar logo o que foi perdido.

Mas não é raro que esse tipo de decisão baseada apenas no fator ganho resulte em perdas ainda maiores, pois quanto maior a rentabilidade, maior o risco. O conselho é: ao ser prejudicado pela volatilidade, respire fundo e se acalme.

Estude opções e só depois de ter certeza invista.

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Sócio fundador e gestor da Trópico Investimentos
Com experiência de mais de 20 anos no mercado financeiro, Fernando Camargo Luiz é sócio fundador e gestor da Trópico Investimentos, além de sócio da Garoa Wealth Management. É engenheiro formado pelo Mackenzie, com especialização em Value Investing pela Columbia Business School e gestão pela Harvard Business School.
fernando.luiz@moneytimes.com.br
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Com experiência de mais de 20 anos no mercado financeiro, Fernando Camargo Luiz é sócio fundador e gestor da Trópico Investimentos, além de sócio da Garoa Wealth Management. É engenheiro formado pelo Mackenzie, com especialização em Value Investing pela Columbia Business School e gestão pela Harvard Business School.
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