Política

O que a “união monetária” de Brasil e Argentina realmente significa

23 jan 2023, 20:14 - atualizado em 23 jan 2023, 20:14
Haddad
Lula disse desde então que as primeiras negociações estão focadas no desenvolvimento de uma unidade de valor compartilhada para o comércio bilateral (Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian)

Brasil e Argentina provocaram inquietação neste domingo com a possibilidade de uma potencial “união monetária”, embora os dois países provavelmente não abandonem o real ou o peso tão cedo. Então, qual é o plano?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O Que Eles Disseram?

Em carta conjunta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente argentino, Alberto Fernández, disseram que querem “avançar nas discussões sobre uma moeda sul-americana comum” a ser usada para fluxos financeiros e comerciais.

Isso gerou rumores sobre uma moeda zonal no estilo da União Europeia para a América do Sul, embora as autoridades desde então tenham minimizado isso e os analistas digam que uma união monetária completa é uma perspectiva distante.

Lula disse desde então que as primeiras negociações estão focadas no desenvolvimento de uma unidade de valor compartilhada para o comércio bilateral para reduzir a dependência do dólar norte-americano.

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, disse à Reuters que a “unidade de contabilidade regional” virá junto com a expansão do crédito para apoiar as exportações para a Argentina por meio de bancos que operam no país.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Galípolo disse que o governo do Brasil ofereceria garantias aos bancos que ajudassem a fornecer financiamentos, enquanto a Argentina, um grande exportador de grãos, teria que fornecer garantias por meio de ativos tangíveis como grãos, gás ou petróleo.

Então, Sem Euro Sul-Americano?

De acordo com o plano, o real brasileiro e o peso argentino continuariam a existir, com a nova moeda voltada estritamente para o comércio. Isso é muito diferente, digamos, do euro, que é usado para todos os tipos de transações dentro do bloco europeu.

A nova moeda seria usada em câmaras de compensação para executar pagamentos comerciais entre os dois países, ajudando em parte a reduzir a dependência do dólar. Isso é fundamental para a Argentina, que enfrenta baixas reservas em moeda estrangeira após anos de crises de dívida.

“Essa moeda não circularia dentro do Brasil ou da Argentina. É especificamente para ser um denominador comum das trocas comerciais”, disse Fábio Terra, professor de Economia da Universidade Federal do ABC.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Qual Seria Seu Valor?

Como a nova moeda será avaliada ainda está para ser debatido, mas o governo brasileiro está olhando para as stablecoins como uma possível referência, disse Galípolo à Reuters.

As stablecoins digitais, atreladas a um ativo como o ouro, ou às principais moedas, como o euro, a libra e o dólar, têm surgido à medida que emissores buscam expandir os usos das moedas digitais, que geralmente não são regulamentadas e são voláteis.

“É óbvio que o real terá o maior peso na equação porque é a moeda mais líquida que temos no mercado internacional”, disse Galípolo.

Isso já Foi Tentado Antes?

No final dos anos 1980, Brasil e Argentina chegaram a discutir a ideia de uma moeda comum para o comércio chamada “gaúcho”, que caiu no esquecimento devido ao desafio de implementar a ideia. Em 2019, o ex-presidente Jair Bolsonaro divulgou planos para uma união monetária, que também nunca se materializou.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A atual equipe econômica do governo brasileiro, no entanto, acredita que uma moeda focada no comércio e combinada a um financiamento reforçado pode ajudar o país sul-americano a recuperar o comércio com a Argentina que perdeu para a China nos últimos anos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
As melhores ideias de investimento

Receba gratuitamente as recomendações da equipe de análise do BTG Pactual – toda semana, com curadoria do Money Picks

OBS: Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar