Economia

O que é meta de inflação? Entenda como funciona o sistema e o que pode mudar

28 jun 2023, 15:20 - atualizado em 28 jun 2023, 19:53
IPCA; IPCA-15; inflação
O CMN se reúne amanhã para definir a meta de inflação de 2026 e revisar os números determinados para 2023, 2024 e 2025. (Imagem: Mehaniq)

A inflação é de longe um dos temas de economia que mais preocupa as pessoas. Afinal, a alta nos preços afeta diretamente o bolso das pessoas.

Para evitar que os preços corram soltos por aí. Os países possuem um sistema de metas, no qual o governo determina para a sua autoridade monetária um patamar no qual a inflação deve ser mantida. Basicamente, é definida uma faixa de limite mínimo e máximo que quanto a inflação pode variar ano a ano.

O Brasil aderiu ao sistema de metas em julho de 1999, quando estavam no poder Pedro Malan, como Ministro da Fazenda, e Armínio Fraga, no posto de presidente do Banco Central.

Por exemplo, a meta de 2023 é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. Ou seja, a inflação precisa ficar entre 1,75% e 4,75%. Atualmente, o acumulado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 3,94%, considerando os últimos dados que são de maio.

Por aqui, quem define a meta para a inflação é o Conselho Monetário Nacional (CMN), tradicionalmente no mês de junho. O grupo é formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento, além do presidente do Banco Central. Atualmente são: Fernando Haddad, Simone Tebet e Roberto Campos Neto.

Com a meta em mãos, o Banco Central tem autonomia para adotar as medidas que julgar necessárias para chegar ao patamar determinado.

Quando a meta não é cumprida, o presidente do Banco Central precisa escrever uma carta ao ministro da Fazenda justificando o motivo. Desde que o modelo foi implementado, a inflação ficou fora da em sete vezes: ficando abaixo da banda tolerável em 2017; e acima em 2001, 2002, 2003, 2015, 2021 e 2022.

A meta de inflação vai mudar?

O CMN se reúne na quinta-feira (27) para definir a meta de inflação. Neste ano, além da meta de 2026, o grupo também deve debater uma mudança nas atuais metas para 2023, 2024 e 2025, que são de 3,25%, 3% e 3%, respectivamente.

A revisão das metas entrou no radar do mercado no começo do ano, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionou se não era melhor aumentar a meta para ajudar o Banco Central na redução da Selic.

“Você estabeleceu uma meta de inflação de 3,7% [a meta estipulada para 2023 é de 3,25%] e quando faz isso é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir a meta. Por que não 4,5%, como nós fizemos?”, disse Lula no dia 18 de janeiro em entrevista a GloboNews.

No entanto, ao contrário do plano inicial de mudar o patamar da meta, o que o CMN deve promover é uma revisão do calendário. O ministro Fernando Haddad já tinha comentado que a ideia é que a meta passe de ano-calendário para contínua.

Em abril, Haddad destacou que, os países que têm metas, consideram a inflação acumulada em 12 meses de maneira contínua (se o mês é abril, então o Banco Central vai olhar os dados acumulados até abril do ano anterior). No entanto, aqui no Brasil, a meta de inflação se refere ao IPCA acumulado de janeiro a dezembro, o chamado ano-calendário.

Com a mudança, a política de verificação de cumprimento da meta será redefinido para o padrão internacional, deixando para o Banco Central definir o horizonte de convergência.

Se a projeção se confirmar, será algo bem-visto pelo mercado, já que traz uma certa flexibilidade para a meta. “Com a mudança, o BC passaria a perseguir o nível determinado para a inflação acumulada em 12 meses em um período mais flexível, que ainda não está claro se será de 18 ou de 24 meses”, afirma Rafael Passos, analista da Ajax Capital.

Basicamente, se objetivo de inflação for perseguido por um período mais longo, o Banco Central poderia abrir um pouco a mão na sua política monetária. O Comitê de Política Monetária (Copom) começou a elevar a Selic em março de 2021, até chegar em 13,75% ao ano em agosto do ano passado. Desde então, a taxa básica de juros segue no mesmo patamar.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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