Economia

Calendário da meta de inflação vai mudar? Entenda fala de Haddad

05 abr 2023, 15:58 - atualizado em 05 abr 2023, 15:58
Fernando Haddad, Jogos Eletrônicos
“A sensação que eu tenho é que ninguém aqui se coloca como dono da verdade”, disse Haddad sobre meta da inflação. (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O futuro das metas de inflação voltou ao radar do Ministério da Fazenda e do Banco Central. Segundo o ministro Fernando Haddad, o tema foi discutido em seu encontro com Roberto Campos Neto no início da semana.

Em sua participação, ontem, no evento Brazil Investment Forum, do Bradesco BBI, Haddad disse que está ouvindo macroeconomistas e pesquisadores da academia e técnicos da autoridade monetária para levar em consideração.

“Não queremos antecipar esse assunto antes da reunião adequada para isso. […] A sensação que eu tenho é que ninguém aqui se coloca como dono da verdade. Estamos aprendendo com quem está estudando o assunto, e quando formos decidir a meta dos anos subsequentes, vamos levar em consideração as opiniões”, afirmou.

Mas o que chamou atenção foi que Haddad comentou de uma eventual alteração no ano-calendário. O ministro destacou que os países que têm metas, consideram a inflação acumulada em 12 meses de maneira contínua (se o mês é abril, então o Banco Central vai olhar os dados acumulados até abril do ano anterior).

No entanto, aqui no Brasil, a meta de inflação se refere ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado de janeiro a dezembro.

[Nos próximos anos] será o momento de verificar se as metas foram bem calibradas. Se é o caso de manter, se é o caso de não adotar o calendário gregoriano, se é o caso fazer aquela meta contínua que a maioria dos países adota”, disse.

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Hoje mais cedo, no mesmo evento, Campos Neto não comentou sobre o calendário em si, mas destacou que há uma divisão entre os economistas em relação ao tema da meta e quem determina a meta é o governo e o Banco Central tem que tentar atingir.

“Dizem que a meta de 3% foi feita em momento de sistema basal de inflação global baixa e nós estávamos entrando em um momento deflacionário na economia. A realidade é diferente agora e a inflação parece ser mais duradoura”, destaca.

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Meta de inflação

No começo do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou um debate sobre as metas de inflaçãoLula dizia que 3% era uma meta muito baixa e que isso estava fazendo com que a Selic fosse mantida em um patamar alto.

“Você estabeleceu uma meta de inflação de 3,7% [a meta estipulada para 2023 é de 3,25%] e quando faz isso é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir a meta. Por que não 4,5%, como nós fizemos?”, chegou a dizer Lula, na época.

As metas de inflação para 2023, 2024 e 2025 são de 3,25%, 3% e 3%, nesta ordem, conforme estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Depois de muita negociação, o presidente foi convencido de que aquele não era o momento para brigar por uma mudança das metas e que dados mostravam que a revisão dessas metas também não garantiam uma melhora na inflação ou na taxa básica de juros.

Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, a discussão é importante, mas apontou que Haddad se esquivou quando o tema era o alvo percentual em si.

“De fato a iniciativa é louvável frente as experiências internacionais, mas mais uma vez, precisa discutir a transição da eventual alteração, bem como o prazo de início”, afirmou.

Editora-chefe
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
juliana.americo@moneytimes.com.br
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.