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O que está acontecendo com as ações da Vale (VALE3)?

26 maio 2023, 19:05 - atualizado em 26 maio 2023, 19:05
Vale
Dividendos da Vale cairão com correção nos preços do minério de ferro (Imagem: Reuters/Washington Alves)

A Vale (VALE3) está sensível com a volatilidade no exterior. Exposta ao minério de ferro, as ações da companhia acumularam na semana uma queda de 4,16%, apesar da alta de 2,28% nesta sexta-feira (26).

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A forte correção nos preços da matéria-prima siderúrgica jogaram os papéis da mineradora para o patamar de R$ 65-66. Mas não é de hoje que o mercado tem discutido sobre a normalização da commodity, que aproveitou no início do ano um rali movido especialmente por especulação.

Bancos como o Bank of America (BofA) e o UBS BB sinalizaram meses atrás que os níveis do minério de ferro a US$ 130/tonelada não eram sustentáveis, antecipando uma correção do mercado.

A Genial Investimentos, que também estava cética quanto aos preços com que a commodity era negociada, via que o caminho natural para os preços era para baixo. Segundo a corretora, a consolidação de alguns fatores na China deve frear a trajetória altista dos preços e inverter o sentido das curvas a partir da segunda metade de 2023.

Pelas projeções da Genial, o minério de ferro ficará abaixo da barreira dos US$ 100/tonelada a partir do segundo semestre de 2023.

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Início de ano fraco

Outro fator que botou pressão nas ações da Vale foi a divulgação de números mais fracos no início do ano. Em abril, a companhia soltou seu habitual relatório de produção e vendas trimestrais, antecipando resultados menores de janeiro a março de 2023 em relação a períodos passados.

Dito e feito: o lucro líquido das operações continuadas da Vale atingiu US$ 1,87 bilhão no primeiro trimestre, tombo de 58% em relação ao valor reportado no mesmo período do ano passado, de US$ 4,47 bilhões.

Com vendas menores, a receita líquida da companhia totalizou US$ 8,43 bilhões no primeiro trimestre, recuo de 22% no comparativo anual.

Enquanto isso, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado das operações continuadas totalizou US$ 3,57 bilhões, ante os US$ 6,21 bilhões apresentados um ano antes. O resultado mais fraco da linha reflete menores preços realizados de finos de minério de ferro e pelotas e menores vendas de finos de minério de ferro, além de maiores custos.

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Dividendos vão secar?

Os dividendos das empresas brasileiras caíram no primeiro trimestre, com o impacto maior vindo da Vale, mostra a edição 38 do Janus Henderson Global Dividend Index, estudo que mapeia as tendências de dividendos a nível global.

A mineradora cortou US$ 1,8 bilhão em dividendos no período. O corte foi a maior redução no pagamento de dividendos em todo o mundo, revela o levantamento.

Em geral, a redução dos dividendos do setor de mineração trouxe impacto significativo no crescimento dos dividendos globais.

Segundo a Janus Henderson, os dividendos da mineração caíram em um quinto no primeiro trimestre, compensando os aumentos dos bancos e dos produtores de petróleo. A queda nos pagamentos aos acionistas do setor, explica, reflete preços menores de commodities.

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Mais cortes devem ser realizados nos próximos meses pelas mineradoras espalhadas pelo mundo, avalia a gestora.

Fernando Siqueira, head de research da Guide Investimentos, também desenha um cenário mais fraco para os dividendos da Vale. Com a queda nos preços do minério de ferro, o lucro a ser reportado será menor, o que consequentemente afetará o valor a ser distribuído pela empresa.

Ação da Vale é sugestão do Credit Suisse (Imagem: REUTERS/Julie Gordon)

O que fazer com as ações?

Pela perspectiva de proximidade da queda dos juros, a Guide avalia que outros setores parecem mais atrativos que as ações expostas a commodities.

“Tem muita ação que sofreu muito quando os juros subiram e, com a expectativa de queda dos juros, elas podem se beneficiar. Isso acaba sendo um ponto negativo, em termos relativos, para a Vale”, afirma Siqueira.

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Apesar de ver para a Vale pouco espaço para novas quedas, a corretora está concentrando as posições de seus portfólios em ativos mais direcionados à economia doméstica.

Raphael Citron, gerente de renda variável da Porto Asset Management, acredita que o cenário de curto prazo deve continuar desafiador para a companhia. No entanto, avalia que, para investidores focados no médio/longo prazo, a ação continua sendo uma boa opção.

“A Vale tem um custo de extração de minério comparativamente mais baixo, então ela consegue passar por períodos de maré mais baixa confortavelmente. A dívida da empresa é baixa para o tamanho dela”, explica.

“Além disso, a empresa tem o negócio de metais básicos que deve se beneficiar da busca por uma matriz energética mais limpa. A estratégia da empresa é a de destravar valor nesse segmento, então podemos ter algumas notícias boas nesse quesito”, completa Citron.

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Nesta semana, o Credit Suisse reafirmou a recomendação de “outperform” (desempenho esperado acima da média do mercado, equivalente a “compra”) para os ADRs (American Depositary Receipts) da Vale (VALE). O banco suíço entende que a Vale está melhor posicionada que os pares para se beneficiar do processo de descarbonização da indústria nos próximos anos.

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Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
diana.cheng@moneytimes.com.br
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.