O recado da ex-primeira ministra da Noruega para o Brasil antes da COP30; ‘A pobreza é o maior poluente’

Gro Brundtland, ex-primeira-ministra da Noruega e líder mundial em desenvolvimento sustentável, esteve presente no segundo dia do GAFFFF (Global Agribusiness Festival), evento da XP Investimentos organizado pela consultoria Datagro, para falar sobre o papel do Brasil para o clima no mundo. Em novembro, o país recebe a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas) em Belém do Pará.
A idealizadora do “Relatório Brundtland”, que apresentou o conceito de desenvolvimento sustentável em 1987, disse que o Brasil ajudou a liderar esse caminho desde o início e salientou que a pobreza é o maior poluente do planeta.
“Precisamos criar um ambiente para sustentar e avançar em desenvolvimento sustentável nos anos por vir, endereçando o meio ambiente. O Brasil pode mobilizar o mundo para lidar com o clima na COP30. Compartilhamos um planeta solitário e frágil. O futuro das novas gerações está em cheque. A ciência está muito clara. A menos que reduzam as emissões até 2030, muitos sistemas vão perder força e vamos ver muitos problemas”.
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Segundo ela, o planeta tem se movimentado de uma forma muito lenta como um todo e que apenas 17% das metas de desenvolvimento sustentável até 2030 foram cumpridas.
“As barreiras como financiamento e conflitos geopolíticos estão presentes. As inundações no Rio Grande do Sul afetaram 500 mil pessoas e depois o calor levou à seca e a incêndios. A forma como produzimos, embalamos e distribuímos alimentos responde por 30% das emissões de efeito estufa”
Brundtland defende que precisamos agir rapidamente, e que caso o planeta falhe, algumas questões serão irreversíveis, como é o caso do aumento da temperatura global.
“Ainda podemos criar um mundo mais resiliente, sustentável e inclusivo. Precisamos de uma transição urgente para sistemas alimentares regenerativos. O G20 responde por 80% das emissões globais e o Brasil tem um papel muito importante neste sentido, engajando outros países”.
A ex-primeira-ministra destacou os avanços em energias renováveis no Nordeste do Brasil, que abre espaço para investimentos e empregos, além do fato de que o país está apenas atrás da China no âmbito de empregos no setor de energia renovável.
“A região Amazônica pode criar uma bioeconomia de US$ 8 bilhões por ano. A sustentabilidade não é uma palavra da moda. Ela assegura sua cadeia de suprimentos e a competitividade do seu negócio. Precisamos desenvolver planos de transição alinhados com a ONU para o Net Zero, assim como investir em soluções sustentáveis para diferentes setores. Há muito a ser feito, principalmente em países de baixa renda, e só vamos avançar se trabalharmos juntos”.