Coluna do Bankly

Open Finance: o Brasil como referência mundial de implementação

02 jun 2023, 10:00 - atualizado em 01 jun 2023, 10:24
Open Finance no Brasil é um caso de sucesso, tido como referência mundial cerca de dois anos após o lançamento como Open Banking (Imagem: Designi – Montagem: Julia Shikota)

O Open Finance no Brasil é tido como referência mundial. Com pouco mais de dois anos de operação após o lançamento como Open Banking, a implementação do sistema brasileiro já é um case de sucesso.

Quem diz isso é a Open Banking Excelence, instituição do Reino Unido. Essa foi a conclusão de um estudo recente, em parceria com a Universidade de Oxford, que avaliou 23 países.

O Open Finance foi lançado pelo Banco Central em 24 de março de 2022. O objetivo era ampliar o já existente Sistema Financeiro Nacional (SFN).

Na tradução literal, significa sistema financeiro aberto e visa aumentar a acessibilidade do mercado financeiro a partir do compartilhamento autorizado pelo usuário de informações financeiras entre instituições por meio de Interface de Programação de Aplicação (APIs).

Na prática, o modelo garante mais controle de dados para os usuários, colocando-os no centro das decisões. Além disso, pode dar a possibilidade às instituições de oferecerem serviços aos seus clientes cada vez mais personalizados.

Open Finance no Brasil

Atualmente, o sistema conta com 15 milhões de clientes únicos. No total, existem 22 milhões de consentimentos ativos.

Esse números colocam o Brasil entre os países com mais adesão ao sistema, próximo a ultrapassar o Reino Unido, um dos pioneiros no tema. De acordo com a empresa de consultoria Oliver Wyman, é estimado que até 2025, o alcance seja de mais de 60 milhões de pessoas.

Além disso, levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) entre as mais de 800 instituições associadas ao projeto mostra que já são 45 produtos e serviços oferecidos aos clientes. O número considera diversos casos de uso, como iniciação de pagamento, melhores ofertas de crédito, entre outros.

O projeto foi dividido em quatro fases. A  primeira, iniciada em fevereiro de 2021, contou com o compartilhamento de dados entre as instituições sobre os produtos oferecidos e seus canais de atendimento. Na segunda fase, as instituições autorizadas iniciaram a troca de informações cadastrais de seus clientes.

Já a terceira fase permitiu pagamentos em aplicativos e sites sem a necessidade de abrir o internet banking do banco em que é cliente, desde que as empresas em questão sejam homologadas como Iniciador de Transações de Pagamento (ITP) pelo BC.

Por fim, na quarta fase, iniciada em dezembro de 2022, o foco é a ampliação de dados, produtos e serviços. Isso vale inclusive a informações de participantes não bancários, como empresas de investimentos, câmbio e seguros.

Marcos Importantes

Portanto, são muitos os casos, uso e os benefícios trazidos pelo Open Finance. Ainda assim, um dos principais é o aumento da inclusão financeira no Brasil. Afinal, existem muitas pessoas que não possuem conta em banco.

Além disso, o usuário ganha em qualidade de  serviços. Isso porque as instituições, tendo acesso à vida financeira, podem identificar possíveis necessidades, oferecendo produtos customizados, maior limite de crédito e menores taxas de juros.

Contudo, alguns marcos foram essenciais na jornada do projeto em 2022. Por exemplo, o lançamento da primeira iniciação de pagamento pelo Mercado Pago.

Antes, para se fazer uma transferência de uma conta bancária para a conta no Mercado Pago, o cliente tinha de entrar no app de outro banco para realizar a operação. Porém, com a institucionalização do Open Finance, passou a ser possível solicitar dentro do próprio aplicativo do Mercado Pago.

Outro evento importante foi a primeira experiência de Open Finance no Whatsapp no mundo, feita pelo Banco do Brasil. O banco foi o pioneiro a oferecer consentimento do compartilhamento de dados através de assistente virtual.

O BB relata que, dos clientes que autorizaram o compartilhamento de dados com o banco, 90% já tiveram algum benefício. Desse total, 77% receberam ofertas personalizadas a partir dos dados e/ou utilizaram soluções que fazem uso dos dados de Open Finance e 13% tiveram informações cadastrais atualizadas sem necessidade de apresentar documentos ou comparecer a agência.

Desafios

Apesar de ser referência internacional, o Open Finance no Brasil ainda esbarra em uma série de desafios para gerar o engajamento esperado. Um deles é a falta de clareza em relação aos benefícios no compartilhamento de dados.

Isso porque ainda não existe uma associação direta do ganho. Ou seja, “compartilhe seus dados e monitore seu score, explore mais produtos de crédito e investimento”, por exemplo. Isso faz com que o usuário desconfie da legitimidade do compartilhamento.

Outro desafio é a monetização para as instituições participantes. Afinal, houve gastos números exorbitantes em infraestrutura pelos agentes do ecossistema. Porém o volume de produtos lançados ainda é escasso e o foco das instituições ainda está em acompanhar o cronograma regulatório.

Todavia, no longo prazo, o Open Finance é visto como projeto estratégico dentro dos bancos. Segundo a Febraban, mais de 90% das instituições pretendem expandir parcerias até o fim de 2023  para prover serviços mais completos e, inclusive, entrar em segmentos novos como forma estratégica de agregar valor, complementar jornadas e consolidar a busca constante pela inovação.

Co-founder e CRO do Bankly desde 2019. Especialista em finanças e economia com bacharelado em economia na Universidade Federal de Santa Catarina (2010); intercâmbio bilateral em Ciências Econômicas e Empresariais na University of A Coruna (2010); MBA e gestão de comércio exterior e negócios internacionais pela Fundação Getulio Vargas (2012); MBA executiva de economia da ExxonMobil Business Academy (2014); Mestre em Administração de Negócios pela Coppead UFRJ (2016) e Business Dynamics da MIT Sloan School of Management. Atua desde 2014 no mercado financeiro e aborda os seguintes temas: Banking as a service, Open Banking, embedded finance, pix, moedas digitais, finanças descentralizadas, fintechs, empreendedorismo feminino, entre outros.
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Co-founder e CRO do Bankly desde 2019. Especialista em finanças e economia com bacharelado em economia na Universidade Federal de Santa Catarina (2010); intercâmbio bilateral em Ciências Econômicas e Empresariais na University of A Coruna (2010); MBA e gestão de comércio exterior e negócios internacionais pela Fundação Getulio Vargas (2012); MBA executiva de economia da ExxonMobil Business Academy (2014); Mestre em Administração de Negócios pela Coppead UFRJ (2016) e Business Dynamics da MIT Sloan School of Management. Atua desde 2014 no mercado financeiro e aborda os seguintes temas: Banking as a service, Open Banking, embedded finance, pix, moedas digitais, finanças descentralizadas, fintechs, empreendedorismo feminino, entre outros.
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