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Orígeo, da Bunge e UPL, focará Mato Grosso em 2023 com potencial para triplicar clientes

03 jan 2023, 8:13 - atualizado em 03 jan 2023, 8:13
Colheita de soja em Mato Grosso
Ainda em 2023, uma segunda rodada de expansão em Mato Grosso deve acontecer, “porque o Estado é grande”, disse Marcon (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker PW)

A Orígeo, joint venture entre a norte-americana Bunge e a indiana UPL, ampliará suas apostas no Brasil em 2023 ao expandir a atuação para o Estado de Mato Grosso, maior produtor de grãos e oleaginosas do país, o que pode levar a companhia a quase triplicar o número de grandes produtores rurais atendidos.

O início das operações mato-grossenses está previsto para abril de 2023 –ano em que o CEO, Roberto Marcon, também vê espaço para crescimento através de negociações por “barter” (troca de grãos por insumos).

A empresa oferta desde insumos até serviços de consultoria e escoamento de safra, foi criada em junho deste ano e começou a operar em outubro, com foco em venda direta para agricultores de maior porte do Cerrado, principalmente de soja, milho e algodão, na macrorregião MAPITOBAPA, formada por Maranhão, Piauí, Tocantins, Bahia e Pará.

“Estamos atendendo 350 grupos (produtores ou empresas agrícolas de produção) e dentro de nossa estratégia, o próximo passo é a expansão para Mato Grosso… e em Mato Grosso, a gente deve adicionar 650 grupos, indo para mil”, disse Marcon em entrevista à Reuters.

Ele não mencionou um período para atingir esse número maior de clientes.

O executivo não detalhou resultados de vendas e faturamento por questões estratégicas, e disse que a Orígeo está na etapa de formar sua carteira de clientes, estruturar as equipes e aumentar as operações.

Ainda em 2023, uma segunda rodada de expansão em Mato Grosso deve acontecer, “porque o Estado é grande”, disse Marcon.

Para 2024, ele antecipou que o plano é alcançar o cerrado mineiro.

Os investimentos para a estruturação das novas operações também não foram revelados, mas o CEO disse que, no momento, o principal aporte está sendo feito em pessoas, para montar um corpo técnico de alto padrão capaz de oferecer soluções personalizadas aos grandes produtores.

Gestão de Riscos

Após períodos de alta volatilidade nos preços de insumos que compõem os custos de produção, como fertilizantes e defensivos, causada por fatores que fogem ao controle do produtor rural, como a pandemia da Covid-19 e a guerra na Ucrânia, Marcon disse que os agricultores estão mais propensos a buscar alternativas para diluir riscos.

“Esses produtores atendidos por venda direta são altamente tecnificados e eles sabem que ficar exposto às variáveis de mercado é muito arriscado”, disse.

“A gente tem visto muitos produtores cada vez mais buscando o barter para gestão de riscos… A expectativa é que, sim, isso continue cada vez mais aumentando para eles ficarem menos expostos, principalmente entre os grandes, que são nosso público”, acrescentou.

No “barter”, o produtor adquire o insumo e o pagamento é realizado com a entrega do grão, somente no período de colheita, funcionando como uma ferramenta de “hedge” de custos e também financiamento da operação de safra.

Nesta semana, um levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostrou que as multinacionais fornecedoras de agroquímicos, fertilizantes e sementes ficaram na segunda posição como fonte de recursos utilizados pelos agricultores para fazer a safra de soja 2022/23, com 30% do total, atrás apenas do uso de recursos próprios, que respondeu por 33%.

O Imea ainda destacou que os custos de produção devem continuar elevados em Mato Grosso no ano que vem para o setor de soja, impulsionados por um aumento de preços estimado para os defensivos.

O CEO da Orígeo, por sua vez, evitou traçar projeções sobre o mercado no ano que vem e disse que a “volatilidade dos preços, tanto de insumos quanto de commodities, faz parte do dia-a-dia do setor”.

Visibilidade

A União Europeia, compradora de produtos como soja e farelo brasileiros, concordou recentemente com uma nova lei para impedir que empresas vendam para o mercado da UE commodities ligadas ao desmatamento em todo o mundo, o que poderia atingir o comércio com o Brasil.

Diante desta nova exigência que pode entrar em vigor no ano que vem, Marcon afirmou que um dos papéis da Orígeo é ajudar o produtor a dar visibilidade a práticas de rastreabilidade que muitas vezes ele já faz, mas que não chegam ao conhecimento do consumidor final.

“Tem desafios para implementar essas exigências, mas a gente acredita que a Orígeo tem um papel fundamental para ajudar o produtor a se adequar… um componente de agricultura digital muito forte”, comentou, sobre um dos serviços oferecidos pela empresa.

Ele lembrou que todos os clientes da companhia também são clientes da Bunge ou da UPL, empresas que já adotam critérios ligados a sustentabilidade junto a seus parceiros.

“Então, a proposta da Orígeo é ajudar o produtor a participar desse mercado (da UE), estando dentro da porteira, e ajudar a mostrar para o consumidor o que o produtor está fazendo.”

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