Política

Os 2 trunfos que reduzem, para 30%, as chances de impeachment de Bolsonaro

30 abr 2020, 17:18 - atualizado em 30 abr 2020, 17:18
Jair Bolsonaro
Alívio: para MCM, Bolsonaro pode respirar mais aliviado (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Ao contrário do que se supunha, a saída seguida de dois ministros estratégicos (Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, e Sergio Moro, da Justiça) não foi o prego no caixão do governo do presidente Jair Bolsonaro. Pelo contrário. Segundo a MCM Consultores, há sinais de que o movimento pelo seu impeachment esfriou.

Um indício, segundo a consultoria, é a falta de pressa com que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, deve analisar os mais de 30 pedidos em sua mesa. Mesmo com recorrentes trocas de caneladas com Bolsonaro, Maia já declarou que é preciso ter “muito cuidado” ao tratar desse assunto.

Outro bombeiro que entrou em cena foi o famoso Centrão, o grupo de partidos políticos que, no Congresso, é conhecido por apoiar qualquer governo de plantão, desde que receba boas recompensas em troca, como cargos em estatais e verbas públicas.

Mas, para a MCM, o comportamento de Maia e do Centrão são sintomas, e não causas, do escanteamento do impeachment. A consultoria afirma que dois fatores foram decisivos para que os adversários de Bolsonaro recuassem – ao menos, temporariamente.

Trunfos de Bolsonaro

O primeiro foi o apoio dos militares ao presidente. Segundo a MCM, esperava-se que a saída sobretudo de Moro arrastasse, para fora do governo, alguns militares de segundo e terceiro escalões, indicando uma corrosão do apoio a Bolsonaro na caserna.

Mas, apesar de serem os principais interessados em enquadrar o presidente num figurino minimamente condizente com o de um chefe de Estado e de governo, os militares “continuaram a entrar no governo”.

Jair Bolsonaro e Sergio Moro
Sombra: Sergio Moro deixou governo, acusando Bolsonaro de tentar influenciar a Polícia Federal por interesses pessoais (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

A MCM acrescenta que, mais importante do que isso, é o fato de que a cúpula militar com voz no Palácio do Planalto “até se convenceu de que precisaria dar alguns passos para trás e evitar trombadas públicas com Paulo Guedes [ministro da Economia] neste momento.”

O segundo fator é a resiliência do apoio popular a Bolsonaro. Mesmo com o agravamento da pandemia de coronavírus, a economia em estado de coma, as suspeitas que rondam seus filhos e assessores próximos, a saída de Mandetta e Moro, o presidente mantém o apoio de uma base fiel e aguerrida, que representa cerca de 30% da população.

A consultoria observa que, embora o número geral permaneça estável, o perfil dos apoiadores mudou um pouco. Os mais escolarizados e de maior renda começam a deixar as alas bolsonaristas, sendo substituídos pelos mais pobres e com menos anos de estudo.

A MCM não descarta a possibilidade de que o recrudescimento da crise econômica e das mortes por coronavírus enfraqueçam o apoio dos mais pobres a Bolsonaro. Mas, por ora, não é o que se vê.

Por isso, a MCM não está tão convicta de que há um impeachment a caminho. “Levando em conta a evolução desses dois fatores cruciais, reduzimos nossa probabilidade subjetiva de impeachment para 30-40%”, diz a consultoria.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
Linkedin
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
Linkedin