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Os ganhos para distribuidoras de combustíveis com a Operação Carbono Oculto, segundo ex-CEO da Raízen (RAIZ4)

05 set 2025, 11:14 - atualizado em 05 set 2025, 11:14
carbono oculto raízen distribuidoras combustíveis (1)
(iStock.com/Lemon Photo)

O mercado foi pego de surpresa na última semana após a deflagração da megaoperação Carbono Oculto, que apontou a ligação do mercado de combustíveis do Brasil com o crime organizado.

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As autoridades informaram que o Primeiro Comando da Capital (PCC) teria cerca de 2,5 mil postos espalhados pelo país, o que representaria a 4ª maior rede de combustíveis do Brasil.

Em conversa com o Money Times, o ex-CEO da Raízen (RAIZ4), Ricardo Mussa, disse que há um impacto significativo para as distribuidoras de combustíveis.

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“O Brasil sempre teve margens de combustíveis muito menores que o resto do mundo, isso comparando com Argentina, Paraguai, Europa e Estados Unidos, e a explicação para isso é a sonegação. Quando você combate a sonegação, a tendência é que esse negócio melhore em margem. Há um benefício tanto de volume como em margem, um mercado mais saudável para todo mundo”.

Ele ressalta que a partir de uma maior arrecadação, não é necessário um aumento dos tributos.

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“Na década de 90 e começo dos anos 2000, tínhamos grandes multinacionais que deixaram o Brasil por conta da sonegação de impostos, reduzindo o número de marcas, como é o caso da Atlantic, Texaco, Esso e Gulf que deixaram o país. Com um mercado mais justo, a tendência é para volta de mais marcas”.

A dificuldade para conquistar o consumidor e os impactos da adulteração do etanol

Mussa explica que não é apenas na sonegação que há impactos negativos. “Quando o crime acontece, ele também ocorre na adulteração do combustível. A forma mais fácil de fazer isso é botando água no etanol”.

O atual chair da SB COP30, iniciativa global liderada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para o aproximar o setor privado das discussões na Conferência das Partes que acontece em novembro em Belém, também comentou sobre a dificuldade do setor de convencer o consumidor de que o biocombustível era bom para ele.

“A cadeia, quando fica mais honesta e sem subterfúgios, para o cara que é correto, é ótimo. Melhora a imagem do produto. Há uma grande dificuldade de vender etanol, apesar de ele ser melhor para o meio ambiente, mais barato e mais potente. Eu lembro que a frota de São Paulo é 93% flex, mas só 52% dos consumidores botavam etanol, mesmo estando mais barato”.

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Mussa comenta que tinha dificuldades de convencer seu pai a abastecer o carro com etanol, mesmo quando estava à frente da maior produtora de etanol do país.

“O brasileiro não abastece porque tem uma imagem péssima do produto. Ele diz que não rende, que estraga o motor. E por que estraga o motor? Porque quando você abastece em um posto que o combustível é adulterado, realmente estraga o motor. Todo esse crime envolvido no final do dia é ruim para o produto que você quer vender como premium”.

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Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.