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Os impactos das mudanças no IOF nas seguradoras e nos bancos, segundo o Goldman Sachs

23 maio 2025, 13:15 - atualizado em 23 maio 2025, 17:40
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Os analistas do Goldman Sachs avaliam que as seguradoras e os bancos são diretamente impactos pelas mudanças no IOF (Imagem: Canva Pro)

As mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre crédito para empresas, câmbio e previdência no Brasil pegaram o mercado de surpresa no final da tarde de quinta-feira (22).

Na avaliação do Goldman Sachs, as alterações anunciadas pelo Ministério da Fazenda também devem ter reflexos nas ações das companhias listadas na bolsa brasileira, com maior peso nas seguradoras e nos bancos

“Esperamos impactos de segunda ordem para as ações dentro de nossa cobertura, já que a tributação de clientes finais tende a restringir volumes e pode potencialmente impactar as receitas, embora os bancos possam repassar o custo para seus clientes”, escreveram os analistas Tito Labarta, Tiago Binsfeld e Lindsey Shema. 

As ações de bancos e seguradoras tiveram desempenho misto nesta sexta-feira (23), com Itaú Unibanco (ITUB4) subiu 1,21% (R$ 37,72), Porto (PSSA3) teve alta de 2,40% (R$ 49,50), mas com Banco do Brasil (BBSA3) com queda de 2,51% (R$ 24,42).

Seguradoras em risco? 

Para o Goldman Sachs, as seguradoras são as mais expostas às mudanças sobre o IOF, devido à oferta da previdência privada VGBL

A partir desta sexta-feira (23), os aportes mensais acima de R$ 50 mil em VGBL serão taxados em 5% de IOF. Aportes abaixo do valor seguem isentos. 

Segundo os analistas do banco, os planos VGBL representam a maior parte das reservas de planos de previdência no Brasil. A BB Seguridade (BBSE3), por sua vez, é a líder do setor com cerca de 30% de participação de mercado, seguida pelo Bradesco (BBDC4), que detém 21%. 

“Embora não possamos avaliar o valor das entradas mensais que excedem o limite de R$ 50 mil por mês, notamos que os bancos que atendem clientes de alta renda tendem a ter um saldo médio por participante maior”, escreveram os analistas.

“Acreditamos que a nova medida provavelmente representa um risco mais pronunciado para empresas com maior exposição ao negócio de previdência”, acrescentaram em relatório. 

Nas contas do Goldman Sachs, os planos de previdência representaram entre 10% e 15% dos lucros do BB Seguridade em 2024, excluindo a corretagem. 

IOF: impacto nos bancos

O Goldman Sachs avalia que a potencial redução na demanda por crédito corporativo “provavelmente” tem impacto limitado nas receitas dos bancos. 

“Notamos que, embora os bancos brasileiros obtenham a maior parte de suas receitas com a concessão de crédito, o crédito corporativo representa apenas uma parte do total da carteira de empréstimos”, afirmaram os analistas. 

Os analistas também consideram que as divulgações recentes do Banco Central indicam que a antecipação de recebíveis, nas operações de risco sacado — outro foco das mudanças no IOF —, representa no máximo 11% do total da carteira de empréstimos. Mas, segundo eles, ainda não é possível avaliar o tamanho da carteira de ‘risco sacado’ com precisão. 

“Mesmo que a implementação da nova tributação retarde a demanda por crédito corporativo e antecipação de recebíveis, esperaríamos um impacto menor para os bancos”, avaliaram os analistas do Goldman Sachs. 

No caso das empresas de pagamentos, as mudanças no IOF pode limitar parcialmente a capacidade de reprecificar o custo da antecipação de recebíveis, “que compreende a maior parte de seus empréstimos”.

Mudanças no IOF 

Na quinta-feira (22), o governo federal anunciou mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para crédito de empresas, previdência e operações de câmbio. Com a medida, o Ministério da Fazenda prevê a arrecadação de R$ 20,5 bilhões em 2025 e de R$ 41 bilhões para 2026.

No entanto, horas depois, a equipe econômica voltou atrás e cancelou o aumento de IOF sobre aplicações de fundos brasileiros no exterior e remessas internacionais para investimentos.

Confira as principais mudanças:

  • IOF Seguros: serão tributados seguro de vida com cobertura por sobrevivência, entre eles o plano de previdência privada Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), com aportes mensais acima de R$ 50 mil com uma alíquota de 5%
  • IOF Crédito Empresas: as operações de financiamento e antecipação de pagamentos a fornecedores, conhecidas como “risco sacado”, passarão a ser consideradas explicitamente como operações de crédito sujeitas à incidência de IOF. Agora, o teto de IOF de operações de crédito por empresas passa de 1,88% ao ano para 3,95% ao ano. No caso de empresas do Simples Nacional, a cobrança passa de 0,88% ao ano para 1,95% ao ano em operações de até R$ 30 mil.
  • IOF Câmbio: a partir de agora será unificada em 3,5% a alíquota de IOF sobre operações de câmbio com cartões de crédito, débito e pré-pagos internacionais e compra de moeda em espécie.

LEIA MAIS:  IOF: O que mudou e como ficam as alíquotas que passam a valer a partir de hoje (23)

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
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