Ouro cai mais de 1% e registra a pior semana do ano

O ouro, considerado um dos ativos mais seguros do mundo, encerrou a sessão desta sexta-feira (16) em dupla queda com alívio nas tensões comerciais, principalmente entre os Estados Unidos (EUA) e a China, e o desempenho recente do dólar.
O contrato mais líquido do ouro, com vencimento em junho, recuou 1,22%, a US$ 3.187,20 por onça-troy na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), nos EUA.
Na semana, o ouro acumulou desvalorização de 3,70%, registrando sua pior performance em seis meses.
Para o economista da Ourominas, Mauriciano Cavalcante, o movimento negativo do metal precioso tem relação com a alta nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, os Treasuries, e pela recente valorização do dólar. Nesta semana, o DXY, indicador que compara a divisa norte-americana a uma cesta de seis moedas globais como euro e libra, recuperou o nível dos 100 mil pontos e acumulou alta de 0,56% nos últimos cinco pregões.
Na visão de Cavalcante, isso se deve à última sinalização do Federal Reserve (Fed) de que poderá manter os juros elevados por mais tempo do que o esperado. Na semana anterior, o BC norte-americano manteve os juros inalterados na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano.
Na ocasião, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que é “muito cedo” para movimentações na política monetária, considerando que o plano tarifário do presidente Donald Trump, anunciado em 2 de abril, ainda não teve efeito sobre os principais dados econômicos norte-americanos.
Na última quarta-feira (14), Powell voltou a dizer que a autoridade monetária segue plenamente comprometida com a meta de inflação de 2%, durante a Thomas Laubach Research Conference.
“O cenário de juros altos nos Estados Unidos reduz o apelo do ouro. Além disso, os dados robustos do mercado de trabalho norte-americano e a resiliência da economia têm reforçado essa percepção de uma política monetária mais restritiva por um período prolongado”, disse o economista da Ourominas ao Money Times.
“Outro ponto relevante é a diminuição recente na demanda física por ouro em alguns mercados asiáticos, especialmente China e Índia, o que também contribuiu para a fraqueza do metal nesta semana”, acrescentou Cavalcante.
Apesar da queda recente, o economista ressaltou que o ouro continua sendo visto como um ativo de proteção no médio e longo prazo, especialmente diante das incertezas geopolíticas e dos riscos fiscais.