Para lucrar em maio: 19 analistas indicam ações ‘no ponto’ para aproveitar a disparada da bolsa; veja

O Ibovespa subiu em abril e subiu bem. Após o ‘susto’ das tarifas de Donald Trump, os investidores voltaram a comprar bolsa, com alta de 3,7% no período, ou 4,4% em dólar. Isso mesmo com o tombo de uma das suas grandes estrelas, a Petrobras (PETR4).
Segundo analistas, o motivo da alta já é conhecido. O índice estava extremamente barato, só aguardando alguns gatilhos. E isso ocorreu. O fato do Brasil ser menos prejudicado pela guerra comercial entre os EUA e o mundo pesou para que o país se tornasse uma espécie de ‘porto seguro’.
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E não só o país, é bom que fique claro. Outras bolsas da América Latina também subiram bem no ano. O Chile subiu 25%, a Colômbia 24%, o México 21%.
O BTG dá três motivos para o explicar o movimento. São eles:
- a região comercializa menos do que grande parte do resto do mundo;
- foi avaliada com a tarifa base de 10%, a menor globalmente, ou com tarifas zero para produtos
no âmbito do acordo USMCA; e - para a maioria dos países, os EUA não são mais o principal parceiro comercial (a China é).
“O Brasil, em particular, está ainda mais protegido. O país comercializa apenas 32% de seu PIB e faz principalmente com a China. Além disso, algumas das commodities que vende podem até se beneficiar da disputa comercial entre a China e os EUA”, destaca.
Já o Itaú BBA cita dois cenário prováveis à frente, e em ambos o Brasil pode estar relativamente bem-posicionado.
O primeiro é se as tarifas finais entre os dois gigantes se mantiverem nos níveis atuais, o crescimento global pode ser bastante comprometido, mas haverá mais espaço para o Brasil ocupar.
E se as tarifas retrocederem e se estabilizarem em níveis menores, o crescimento global deve sofrer menos, no entanto, isso deve gerar também menor aumento de demanda para o país.
De olho no doméstico
Apesar da melhora, os analistas não deixam de ressaltar que o risco fiscal existe, enquanto a inflação ainda está alta.
“Juros elevados e expectativas de inflação desancoradas refletem a ausência de uma agenda consistente de reformas. Embora soluções rápidas sejam difíceis de imaginar, há sempre a possibilidade de que o ciclo das políticas fiscal e monetária possam se inverter”, destaca a Ágora Investimentos.
A casa diz ainda que ainda é cedo para antecipar as eleições de 2026, porém já possível notar alguma influência na alocação dos investidores desde já.
Um exemplo disso, diz, é a redução das posições vendidas na bolsa brasileira observada desde dezembro de 2024.
Já o Itaú BBA diz que os resultados das empresas ao longo de 2025 devem sofrer efeitos do ciclo de alta de juros iniciado no ano passado.
“Considerando todos esses fatores, ainda vemos potencial para que o movimento positivo da Bolsa continue no curto prazo, contudo, pontuamos que esse espaço deve ser mais limitado”.
Bolsa ficou menos barata?
Com toda a alta de abril, fica a pergunta: a bolsa chegou ao topo? Para Ágora, apesar do recente avanço, os múltiplos seguem descontados – ainda hoje, o Ibovespa negocia a um valuation cerca de 30% abaixo da média histórica dos últimos 10 anos.
“Isso reforça a existência de oportunidades de alocação, especialmente em empresas com fundamentos sólidos, uma tese que continua sendo o alicerce de nossas carteiras recomendadas”.
Nesse contexto, dizem, a eventual redução do prêmio de risco poderia liberar um expressivo potencial de valorização para as ações locais.
Já o BTG faz um alerta: as taxas reais de longo prazo ficaram estáveis e o prêmio para manter
as ações caiu para 3%, em linha com sua média histórica e muito abaixo dos prêmios elevados que há alguns meses.
“Em outras palavras, e dado que não temos motivos para esperar uma revisão positiva dos lucros das empresas tão cedo, o excesso de prêmio de risco das ações foi consumido pela recente alta”.
Diante disso, o banco optou por parar de adicionar risco ao portfólio, “o que vínhamos fazendo desde fevereiro”.
“Na verdade, estamos retirando alguns riscos”.
O que comprar?
Para Ágora, nesse momento, a tese central para alocação em renda variável no Brasil permanece intacta.
“Mantemos o foco em ações de empresas com fundamentos sólidos, reconhecidas pela consistência na distribuição de dividendos e pela maior previsibilidade em seus resultados”.
Pesando nisso, o Money Times revirou carteiras recomendadas de 19 bancos, corretoras e casas de análise para medir a temperatura do mercado.
Entre as indicações, um empate: a Petrobras caiu e agora divide o pódio com o Itaú (ITUB4). Veja abaixo:
Empresa | Ação | Recomendações |
---|---|---|
Petrobras | PETR4 | 13 |
Itaú Unibanco | ITUB4 | 13 |
Vale | VALE3 | 10 |
Copel | CPLE6 | 9 |
Eletrobras | ELET3 | 9 |
JBS | JBSS3 | 8 |
BB Seguridade | BBSE3 | 7 |
Caixa Seguridade | CXSE3 | 6 |
Banco do Brasil | BBAS3 | 6 |
Embraer | EMBR3 | 5 |
Weg | WEGG | 5 |
Cury | CURY3 | 5 |
Suzano | SUBZ3 | 5 |
Sabesp | SBSP3 | 5 |
No total, o levantamento de maio contabilizou 200 indicações, com 70 ações.
Participaram do levantamento Ágora Investimentos, Ativa, Andbank, BB Investimentos, BTG Pactual, CM Capital, Daycoval, EQI Research, Empiricus Research, Genial Investimentos, Itaú BBA, Monte Bravo, Planner, PagBank, Rico, RB Investimentos, Safra, Santander, Terra Investimentos e XP Investimentos.
Petrobras, de volta entre as favoritas
A Petrobras continua bem indicada, mesmo com a ação nas mínimas do ano e com o petróleo na casa dos US$ 60.
Em relatório, o BTG reconhece que não previu totalmente os riscos de queda nos preços do petróleo em relação à retórica do “Dia da Libertação” de Trump,.
“Mas, embora não estejamos particularmente otimistas em relação a uma recuperação de curto prazo do Brent – dados os riscos geopolíticos/OPEC+ persistentes –, a Petrobras continua sendo nossa favorita”, dizem os analistas.
De acordo com o banco, a ação pode oferecer alguma proteção contra a queda no caso de uma diminuição dos riscos de oferta e demanda do petróleo.
“A Petrobras é uma das produtoras de menor custo em nível global, e estimamos que esteja atualmente negociando em um dividend yield de 13% para 2025, excluindo pagamentos extraordinários”.
Na visão dos analistas, os dividendos devem ajudar a amortecer os riscos de queda – especialmente porque continuam a ver o potencial de valorização decorrente de um capex menor do que o esperado e de uma produção maior do que a estimada.
Itaú, banco de titânio
Apesar do forte desempenho no mês passado e no acumulado do ano, o BTG continua a acreditar que o desempenho maior do Itaú em relação aos outros bancos ainda parece modesto — especialmente
considerando seu posicionamento estratégico superior, transformação digital e qualidade de gestão.
“Vemos riscos de alta para as ações do Itaú provenientes da iniciativa One Itaú, juntamente com um foco mais forte em eficiência, que acreditamos que o banco pode acelerar nos próximos dois a três anos”.
Para a Ágora, o Itaú terá lucro líquido de R$ 11,1 bilhões (crescimento de 1,7% no trimestre e 13,3% em relação ao ano anterior) no próximo dia 08, com ROAE (retorno sobre o capital) de 22,4%, puxado por uma expansão de margem mais lenta devido ao menor número de dias corridos, sem grandes surpresas nas demais linhas.
“Por sua vez, esperamos que as tarifas e despesas operacionais sigam as tendências sazonais”.
Vale a pena
Para a Ágora, embora os resultados recentes da companhia tenham vindo amplamente em linha com as expectativas, “acolhemos com satisfação as melhorias em termos de desempenho operacional/de custos”.
“Também destacamos que, apesar da fraca geração de caixa no primeiro trimestre, esperamos que esse fluxo acelere nos próximos trimestres”.
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Além disso, coloca, a recém-anunciada joint venture Aliança Energia — da qual a Vale deverá receber US$ 1 bilhão até o final do ano — também deve apoiar os esforços para manter a dívida líquida expandida mais próxima do ponto médio da faixa-alvo de US$ 10 a 20 bilhões.
Na visão do Safra, seu valuation relativamente mais barato em comparação com as grandes empresas australianas, o leve posicionamento dos investidores e o seu desempenho inferior aos preços do minério de ferro suportam a visão positiva.
“Enquanto isso, acreditamos que a gestão da Vale manterá uma abordagem mais amigável aos acionistas em relação a dividendos extraordinários ou recompra de ações”.