Mercados

Para onde vai o Ibovespa (IBOV)? Índice volta a derreter nesta terça (3); saiba o que fazer

03 out 2023, 15:46 - atualizado em 03 out 2023, 15:46
ibovespa
Ibovespa volta a sentir pressão com exterior fraco (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O começo de outubro não está sendo bom para o Ibovespa (IBOV). Além da queda de mais de 1% no pregão desta segunda-feira (2), o índice volta a cair forte hoje, pressionado novamente pelo exterior.

Por volta das 15h40, o índice de referência da bolsa brasileira perdia 1,41%, a 113.434,52 pontos.

As expectativas de uma arrancada do mercado local foram novamente frustradas por preocupações vindas de fora, com os mercados reajustando as apostas após um comunicado mais duro pelo Federal Reserve (Fed), que sinalizou juros elevados nos Estados Unidos por mais tempo.

No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central optou por um novo corte de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, conforme o esperado. No entanto, a leitura do comunicado divulgado pela autoridade monetária descarta a possibilidade que chegou a ser levantada pelos agentes financeiros, de um ritmo de redução ainda mais agressivo, de 0,75 ponto percentual.

Ruídos fiscais no Brasil também são vilões da história

Analistas do mercado entendem que, nas últimas semanas, houve uma piora da percepção de risco, com foco maior no ambiente externo.

No Brasil, os problemas não desapareceram. O mercado enfrentou certa turbulência com as dúvidas que voltaram a crescer sobre a trajetória fiscal do país.

Na avaliação do BTG Pactual, conforme o fim do ano se aproxima, investidores podem ficar mais preocupados com a situação fiscal do Brasil. O banco destaca, em relatório, que, para que o governo cumpra a meta declarada de déficit fiscal zero para 2024, será necessário aumentar significativamente as receitas fiscais no próximo ano (R$ 169 bilhões extras em receitas ou 1,5% do PIB).

Para isso, o governo enviou ao Congresso um pacote de propostas visando gerar as receitas necessárias para equilibrar o orçamento. Porém, apenas a proposta que altera as regras de funcionamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) foi aprovada, destaca a instituição.

Nesse caso, o BTG levanta uma questão: a base existente do governo pode não ser suficiente para obter a aprovação das medidas.

” A falta de apoio político suficiente e a não aprovação das medidas de aumento da arrecadação tributária fariam com que o governo enfrentasse um dilema político muito difícil: (i) revisar a meta fiscal para 2024, que seria vista de forma negativa pelos mercados, com impacto imediato nos preços dos ativos brasileiros (moeda mais fraca, taxas de longo prazo mais altas, queda dos preços das ações); ou (ii) manter a meta zero, respeitar o novo arcabouço fiscal e ser forçado a implementar um congelamento de gastos em 2024, o que não será bem recebido pelos partidos políticos apoiando o governo”, levanta o time de análise do banco.

O meio-termo, que é o cenário-base do BTG, diz que o governo mantém a meta fiscal inalterada, consegue apoio político suficiente para conseguir que algumas das medidas sejam aprovadas e implementa um congelamento tolerável das despesas para os seus aliados políticos.

No entanto, o banco ressalta que não está claro se esta magnitude de congelamento de gastos seria politicamente aceitável.

Cautela prevalece

Com a deterioração do cenário internacional e a falta de catalisadores mais fortes no ambiente doméstico, a cautela prevalece entre os analistas.

O BB Investimentos destaca que a melhora na atividade não tem sido suficiente para impulsionar a bolsa em, principalmente pela participação dos segmentos de commodities no Ibovespa e pelo “movimento mais tímido” de revisão de estimativas das companhias mais cíclicas.

O BB optou por iniciar o quarto trimestre de 2023 com uma perspectiva mais cautelosa, uma vez que a exposição mais cíclica foi reduzida. A casa agregou nomes com maior dividend yield e que promovem maior descorrelação, mas mantendo, sobretudo, aspectos relacionados à qualidade de resultados. Por ora, o alvo de 127 mil pontos para o Ibovespa foi mantido.

“O desempenho assimétrico dos papéis nos impõe um processo de seleção de ativos mais complexo, uma vez que não é garantido que blocos setoriais se movam em conjunto. Nossa análise de fatores aponta que as estratégias fundamentalistas de exposição comprada mais vencedoras estão associadas à maior geração de caixa, earnings [resultados] e dividend yield, enquanto indicadores de momentum apoiam decisões de mais curto prazo”, comenta.

A Ágora Investimentos sugere algum tipo de “calibragem” para os portfólios no momento atual, embora siga com a tese central de que “é difícil apostar contra renda variável em um cenário contínuo de queda de juros e valuation descontado”.

A questão é escolher boas histórias, com direcionadores particulares (melhoria nos resultados, fusões e aquisições, maior previsibilidade nas receitas e distribuição de dividendos).

“Small caps são boas alternativas para adicionar potencial de valorização”, acrescenta.

O BTG segue defendendo que os valuations da bolsa estão atraentes. De acordo com os analistas, mesmo com a queda em setembro, , o aumento nas taxas reais de longo prazo empurrou para baixo o prêmio para manter ações em relação ao mês passado.

“Dito isto, ainda está um pouco mais de um desvio padrão acima da média histórica”, afirma.

Segundo o BTG, as ações locais estão sendo negociadas agora a 9,5 vezes o P/L (preço sobre lucro) projetado de 12 meses, excluindo Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3), desvio padrão abaixo da média histórico. A expectativa é de que os os lucros projetados de 12 meses aumentem em 2024 (excluindo Petrobras e Vale crescerão 26% em 2024 contra um declínio de 7% em 2023), pressionando ainda mais os múltiplos.

Ainda, o banco a avalia que, para o apetite dos investidores estrangeiros voltar à bolsa local, é necessário um ambiente macroeconômico global menos volátil e mais visibilidade sobre a situação fiscal do Brasil.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
Linkedin
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
Linkedin