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Para UBS, reinado da Localiza chegou ao fim, e a favorita agora é a Unidas

04 jun 2020, 16:54 - atualizado em 04 jun 2020, 16:54
Unidas
Diferencial: Unidas é beneficiada pela sua maior presença na gestão de frotas (Imagem: Divulgação/Unidas)

Nos últimos tempos, a Localiza (RENT3) se acostumou a ser a favorita do mercado, quando se falava do setor de locação de automóveis. Controlada por Salim Mattar, secretário de desestatização do governo de Jair Bolsonaro, a empresa é figura constante em carteiras recomendadas de ações. Mas, para o UBS, seu reinado chegou ao fim.

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Em relatório enviado aos clientes nesta quinta-feira (4) e obtido pelo Money Times, o banco suíço atualiza suas recomendações e preços-alvos para as locadoras de veículos do país. Assinado por Rogério Araújo, Andressa Varotto e Alberto Valerio, a análise aponta que os fundamentos do setor continuam sólidos, mas o coronavírus pressionará os resultados de 2020.

O trio observa que, em abril, houve uma divisão bem clara nesse mercado. De um lado, as receitas geradas com gestão de frotas permaneceram estáveis; de outro, as oriundas de locação de automóveis caíram cerca de 50%.

Assim, o UBS fez as contas. A Localiza é a mais exposta à locação de veículos, que responde por 76% de suas receitas. Na Movida (MOVI3), o percentual é de 72%, e na Unidas (LCAM3), de 44%. Assim, o banco estima que, no mês passado, as empresas sofreram uma queda de 42%, 35% e 23% nas receitas, respectivamente.

“Esperamos que a Localiza e a Movida apresentem pequenos prejuízos neste ano, mas a Unidas deve entregar quase metade do lucro de 2019”, afirmam os analistas, que acrescentam: “achamos que o lucro líquido deve recuperar o nível de 2019 no fim de 2021”. Logo, será um longo caminho para as empresas.

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Passando a limpo

Por isso, o UBS revisou tanto o preço-alvo, quanto a recomendação das locadoras. A Localiza, franca favorita do mercado até aqui, teve sua recomendação reduzida de compra para neutra. Além disso, seu preço-alvo sofreu um corte de 18%, baixando de R$ 56 para R$ 46.

“Embora pensemos que os fundamentos para o crescimento dessa indústria, no longo prazo, permaneçam intactos, vemos o nível de precificação da Localiza como justo”, explicam os analistas. O múltiplo P/L (preço-lucro) estimado para a empresa em 2022 é de 27 vezes – o maior do setor.

Já a recomenda da Unidas subiu de neutra para compra, embora o preço-alvo tenha caído 8,6%, de R$ 20,80 para R$ 19. “Preferimos a Unidas, na medida em que possui maior exposição à gestão de frotas e também por seu valuation relativamente atraente”, justifica o UBS.

Perdendo potência: prejuízo neste ano e lucro pequeno em 2021 complicam a vida da Localiza (Imagem: Facebook/Localiza)

Para o banco, a Unidas terá condições de passar por 2020 com mais facilidade que suas rivais, e, por isso, deve sair mais forte da crise que elas.

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Já a Movida não empolgou, nem desencantou o UBS. Sua recomendação continua neutra, embora seu preço-alvo tenha caído 24%, de R$ 19,20 para R$ 14,50. O banco é claro ao declarar que ela é a empresa menos favorita, por dois motivos.

Primeiro, assim como a Localiza, a Movida apresenta uma grande exposição ao segmento de locação de veículos – um ponto negativo, num ano de recessão econômica. O segundo fator é que ela apresentar a menor margem de lucro por locação entre as três, o que só complica sua situação.

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Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
marcio.juliboni@moneytimes.com.br
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.