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Paulo Gala: A volatilidade voltou para ficar nos ativos financeiros do Brasil

07 mar 2021, 14:02 - atualizado em 05 mar 2021, 20:48
Grãos Soja Agronegócios
O boom de preços de commodities e ativos financeiros trará mais dólares ao Brasil em 2021 (Imagem: Pixabay)

O rally de commodities não da trégua. Começam a surgir temores de inflação nos EUA graças a o pacote de Biden e a escalada dos preços de commodities agro, metálicas, combustíveis e bens industriais, mesmo na presença de desemprego ainda elevado. Continua boom de tomada de risco desde a eleição de Biden graças a monumentais estímulos monetários, creditícios e fiscais. Esse boom de preços de commodities e ativos financeiros trará mais dólares ao Brasil em 2021.

Esse rally que inflou preços de ativos no mundo inteiro continua beneficiando o Brasil em termos de fluxo de dólares pela via do comércio mas cobra seu preço em termos de inflação doméstica. O preço da gasolina em máxima reflete isso. Mais recentemente, os temores fiscais somados a intervenção de Bolsonaro na Petrobras trouxe grande aversão ao risco em relação a ativos brasileiros.

Com o fim do auxílio emergencial e de estímulo de crédito do BC, podemos ter mais desaceleração do PIB. A taxa SELIC deve subir pelo menos a 3,5% para zerar nosso juro real hoje fortemente negativo. O consumo e investimento agregados seguem ainda muito deprimidos. O PIB do Brasil caiu 4,1% e só não teve pior desempenho graças ao auxílio emergencial. Existe ainda grande capacidade ociosa na indústria, no setor imobiliário, no varejo em geral e no mercado de trabalho.

Os juros extremamente baixos em 2020 deram algum fôlego de retomada ao setor de construção civil via crédito, mas sem aumento consistente de emprego e renda, esse movimento não será sustentado. O câmbio mais desvalorizado continua ajudando a indústria, mas, sem um vigoroso impulso de demanda esse movimento pode se exaurir.

O setor de serviços está ainda abaixo do nível pré crise. O varejo físico tem situação dramática. O investimento privado segue em mínimas históricas. A alta da taxa SELIC tornará uma recuperação ainda mais nebulosa. Nosso PIB deve crescer algo como 2,5% em 2021, abaixo do necessário para recuperar a queda de 2020. O agravamento da pandemia no Brasil tornará tudo ainda mais difícil.

O Brasil caminha para ser o pior caso da Pandemia no mundo em 2021. Teremos um cenário de bastante volatilidade nos próximos meses.

CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR
Graduado em Economia pela FEA/USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi professor visitante nas Universidades de Cambridge UK em 2004 e Columbia NY em 2005. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR.
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Graduado em Economia pela FEA/USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi professor visitante nas Universidades de Cambridge UK em 2004 e Columbia NY em 2005. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR.
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