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Paulo Gala: os municípios mais ricos do Brasil são os mais sofisticados

24 out 2020, 15:04 - atualizado em 23 out 2020, 9:09
Imóveis Setor Imobiliário São Paulo
O que pode exportar um município? Bens ou serviços (Imagem: Agência Brasil/Rovena Rosa)

Para Adam Smith a divisão do trabalho explicava a riqueza das nações. O maior aprimoramento das forças produtivas do trabalho em relação a habilidade, destreza e bom senso com os quais o trabalho é em toda parte dirigido ou executado parecem ter sido resultados da divisão do trabalho.

“A divisão do trabalho é limitada pela extensão do mercado. Como é o poder de troca que leva à divisão do trabalho, assim a extensão dessa divisão deve sempre ser limitada pela extensão desse poder, ou, em outros termos, pela extensão do mercado.

Quando o mercado é muito reduzido, ninguém pode sentir-se estimulado a dedicar-se inteiramente a uma ocupação, porque não poderá permutar toda a parcela excedente de sua produção, que ultrapassa seu consumo pessoal, pela parcela de produção do trabalho alheio, da qual tem necessidade” (Livro I, Capítulo III).

Dessa análise de Smith decorre que necessariamente um país, região ou cidade rico deve ser exportador de sua produção: bens ou serviços. O caminho natural para ampliar o mercado é atingir outras cidades, estados e países. As exportações municipais são a chave para o desenvolvimento econômico.

Claro que o adensamento do mercado local decorrente da renda gerada pelo aumento de escala e produtividade acaba criando um círculo virtuoso que contribui para o processo de enriquecimento. Mas ninguém chega la sem ter inicialmente atingido outros mercados (a extensão do mercado).

O que pode exportar um município? Bens ou serviços. Os mapas abaixo retirados do Dataviva (mapa da complexidade brasileiro) mostram as exportações sofisticadas dos diversos municípios ricos no Brasil.

Outro caminho é exportar serviços, onde também há muita economia de escala (assim como nos bens manufaturados). Aqui o serviço óbvio e principal é o serviço financeiro e também serviços empresariais em geral (logística, marketing, design, etc). O destaque nos dados fica com Barueri (isenção de impostos) além de São Paulo e capitais. 

Além de serviços e bens complexos (manufaturados) sobram os recursos naturais. Aqui aparecem os municípios que “ganharam na loteria” enquanto os recursos não acabam ou o preço não desaba. O que está mostrado nesses dados se aplica também para qualquer cidade e país no mundo: é da natureza das atividades econômicas.

Os municípios pobres são aqueles que simplesmente tem atividades produtivas não sofisticadas (cidades dormitórios etc). São atividades que não tem economias de escala e não proporcionam ganhos relevantes de produtividade e riqueza.

CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR
Graduado em Economia pela FEA/USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi professor visitante nas Universidades de Cambridge UK em 2004 e Columbia NY em 2005. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR.
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Graduado em Economia pela FEA/USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi professor visitante nas Universidades de Cambridge UK em 2004 e Columbia NY em 2005. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR.
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