Paulo Guedes: “O Brasil precisa baixar o tom, reduzir brigas políticas e executar”
O ex-ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, vem evitando participar do debate político, mas abriu uma leve exceção em participação em evento nesta quinta-feira (23). Apesar de boa parte da palestra ter sido sobre a geopolítica mundial, ele falou sobre o atual cenário brasileiro e mandou alguns recados.
“O Brasil precisa agora baixar o tom das conversas, reduzir a briga política e executar. Não se trata de perseguir o outro lado. É preciso o contrário: ouvir, entender e conversar. A força vem da diversidade”, disse o ministro no oitavo encontro nacional da Anfidc (Associação Nacional dos Participantes em Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios).
“Os de camisa verde e amarela que os outros são contra o país e que eles são o time a favor. Os de vermelho dizem o contrário, que eles são a favor da democracia e os de verde e amarelo, contra. É uma espiral de descontrole e de enfraquecimento das instituições”, afirmou.
Guedes, nessa mesma linha, defendeu que o Brasil pode andar com “duas pernas”: uma que traga a eficiência econômica e outra que busque valores sociais.
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Apesar de estar evitando críticas ao governo, o ex-ministro mandou algumas indiretas. Ao perguntar para a plateia a percepção das principais variáveis da economia brasileira — gastos públicos, dívida, juros, impostos —, em todas as respostas o que se ouviu do público foi um “pior”. “Eu não disse nada. Vocês mesmos concluíram”, afirmou.
“Na hora que a casa estava ficando arrumada, chutamos o técnico. Trocamos o time e voltamos pra bagunça”, afirmou. “O governo tem que fazer a função básica, mas não atrapalhar. É necessário deixar o mercado atuar.”
Ele ainda mencionou que os retrocessos que o país passa podem levar a perda de uma “oportunidade única” e o Brasil deve encarar um cenário de crescimento menor.
“Nós temos uma hora mágica, porque somos uma potência em várias frentes. Temos energia limpa e barata, segurança alimentar e tecnologia. O mundo precisa disso tudo agora, mas se erramos o timing, a chance passa”, disse. “O Brasil é o que os países querem ser daqui 10, 20 anos. Todos querem ter 80% da matriz renovável e nós já temos. Estávamos prontos para entrar em um clube seleto, era só não fazer barulho”.
Por fim, o ex-ministro também comentou sobre o cenário eleitoral brasileiro para 2026. Para ele, o fator eleitoral mais importante será a segurança — pessoal e econômica.