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Pedido de recuperação judicial da Samarco tem impacto limitado para Vale e bancos

12 abr 2021, 10:46 - atualizado em 12 abr 2021, 10:46
Vale
Mesmo assumindo um cenário de interrupção das atividades da Samarco, isso significaria uma perda de 7,5 milhões de toneladas por ano, que representa 2% da produção da Vale esperada pela XP Investimentos para 2022 (Imagem: Vale/Instagram)

A Samarco, joint venture controlada pela Vale (VALE3) e pela BHP, entrou com processo de recuperação judicial no Brasil, de acordo com o comunicado divulgado pela mineradora brasileira na sexta-feira.

Segundo a Vale, a medida visa preservar a capacidade da Samarco de manter suas atividades. A companhia disse que sua controlada enfrenta ações de execução de notas promissórias no Brasil, no valor de US$ 325 milhões de dólares, e ações movidas pelos detentores dos títulos de dívida com vencimento em 2022, 2023 e 2024 em Nova Iorque –todas com pedidos de bloqueio de contas bancária.

A leitura que a XP Investimentos tem sobre o processo de recuperação judicial da Samarco é de impacto limitado – tanto para a Vale quanto para os bancos.

A corretora não alterou as estimativas para a Vale, pois acredita que a empresa vai entregar seu guidance de produção para os próximos anos.

“Mesmo assumindo um cenário de interrupção das atividades da Samarco, isso significaria uma perda de, aproximadamente, 7,5 milhões de toneladas por ano, que representa 2% da produção esperada por nós para 2022 (360 milhões de toneladas)”, explicaram os analistas Yuri Pereira e Thales Carmo, em relatório divulgado ontem à noite.

Os analistas também destacaram que a reparação pela tragédia em Mariana já está no balanço da Vale, que tem atualmente provisões de US$ 2,1 bilhões referentes aos acordos da Samarco & Fundação Renova.

A recomendação de compra para a ação da mineradora foi mantida, bem como o preço-alvo de R$ 122.

“Estamos otimistas com relação à geração de caixa para os próximos anos. Estimamos um retorno com fluxo de caixa de 18%, em média, até 2023, considerando o preço do minério de ferro em queda gradual até US$ 110 por tonelada até o final de 2023. Como resultado, esperamos fortes dividendos nos próximos anos. Esperamos um retorno mínimo com dividendos de 8% em 2021″, completaram Pereira e Carmo.

Bradesco BBDC4
Os bancos estão fortemente provisionados e poderiam lidar com o processo de recuperação judicial da Samarco com facilidade, afirmou a XP (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)

No caso das instituições financeiras, o impacto da notícia parece limitado porque, segundo a XP, a dívida não deve ter concentração em bancos, muito menos concentrada em um único banco, e os fundos de dívidas emergenciais devem ser os principais detentores.

“Uma parte relevante da dívida de US$ 4,7 bilhões da empresa são títulos e contratos de pré-pagamento de exportação, que são detidos em grande parte por investidores ativos no mercado em dificuldades, que é um segmento especializado onde os bancos têm baixa exposição”, afirmaram Marcel Campos e Matheus Odaguil, também do time de análise da XP, em relatório divulgado nesta segunda-feira.

Além disso, a corretora espera que os bancos já tenham provisionado ou baixado como perda esses empréstimos de seus balanços. Caso esse não seja o cenário, ainda assim os bancos estão fortemente provisionados e poderiam lidar com o processo de recuperação judicial da Samarco com facilidade.

A XP destacou que empresas como o Bradesco (BBDC4) têm quatro vezes mais reservas de provisão do que saldo de inadimplência.

“As reservas de provisões do Bradesco no quarto trimestre de 2020 superou o saldo de inadimplência em R$ 34 bilhões”, comentaram Campos e Odaguil.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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