Economia

Perse: Associação aponta equívocos do ministro Haddad sobre o programa; entenda

14 fev 2024, 12:52 - atualizado em 14 fev 2024, 12:52
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O ministro da Fazenda Fernando Haddad anunciou mudanças para o Perse (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) pode se tornar mais uma dor de cabeça para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que está em busca de promover mudanças no projeto.

Criado em 2021, em meio ao cenário de pandemia, o Perse tem por objetivo fomentar o setor de eventos, auxiliando empresas prejudicadas pelo contexto restritivo que o mundo enfrentou. Entre as áreas beneficiadas estão bares, restaurantes, hotéis, casas de festas, entre outros estabelecimentos que integram o setor.

Foi determinada a concessão de benefícios fiscais, como alíquotas zero em impostos, parcelamento de débitos com redução de juros e multas, entre outros aspectos. Em 2023, houve prorrogação por mais 5 anos desses benefícios — o que não agradou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

No fim de dezembro, o ministro anunciou mudanças nas isenções de tributos, destacando que a prorrogação gerou perdas financeiras. Dessa forma, a ideia é retomar alguns tributos neste ano e outros em 2025, conforme prevê a MP (Medida Provisória) n° 1202, de 2023.

O texto da lei 14.148, que instituiu o Perse, previa a criação de “ações emergenciais e temporárias” para “criar condições para que o setor de eventos possa mitigar as perdas oriundas do estado de calamidade pública”.

Setor se posiciona contra fim do Perse

A Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (ABRAPE) saiu em defesa do Perse, e vem realizando mobilizações em prol de sua permanência. Em nota do dia 28 de dezembro, a Associação defendeu que o anúncio feito por Haddad, de promover mudanças no programa, causa preocupação nos segmentos de cultura, entretenimento e turismo.

“A apresentação do chefe da pasta trouxe equívocos e informações inconsistentes sobre o período de vigência das medidas do programa, os índices de geração de empregos e os benefícios sociais e fiscais da Lei”, diz.

“Um dos equívocos cometidos pelo ministro refere-se ao período de abrangência da Lei que criou o Perse. Haddad afirma que a lei foi construída para durar dois anos, quando, na verdade, desde o início foi articulada com o então governo, com o apoio da Câmara e do Senado, para cinco anos, com o objetivo de mitigar os impactos dos período em que ficamos parados. A primeira Lei do Perse 14.148 já previa uma duração de cinco anos e está em vigência”, defende a Associação em nota.

Haddad também chegou a apontar que o programa estaria custando cerca de R$ 17 bilhões ao governo, defendendo que não é algo sustentável.

“O país não tem R$ 17 bilhões de reais o para investir num programa dessa natureza. Nem era esse o objetivo do próprio Congresso Nacional. O objetivo era dar um benefício de cerca de R$ 4 bilhões. Então, agora tem dois caminhos. Primeiro, investigar o que aconteceu no ano passado e segundo, botar ordem no programa”, disse Haddad em entrevista a jornalistas na última semana.

A Abrape destacou em sua nota que tenta, há algum tempo, agenda com a Receita Federal para discutir os números do órgão que apontam uma renúncia fiscal de aproximadamente R$ 16 bilhões em decorrência do programa.

“Nos cálculos dos economistas que elaboraram o Perse, não há como ser maior do que entre R$ 4 e R$ 5 bilhões o custo anual do programa, em especial após a redução de CNAEs (Classificação Nacional das Atividades Econômicas) estabelecida no início deste ano”, defende.

Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Foi redatora na área de marketing digital por 2 anos e ingressou no Money Times em 2022.
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