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Pesadelo na XP: ações derretem 20% com resultado do 4T22 e cobranças internas; entenda

17 fev 2023, 14:29 - atualizado em 17 fev 2023, 14:30

 

XP
Ações da XP Inc. tombam 17% um dia após resultados do quarto trimestre

A reação dos mercados aos resultados da XP Inc. (XP) é desastrosa. Em Nova York, o papel confirmou as perdas do pré-market e apresenta uma queda que beira os 20%, aos US$ 12.94.

Segundo o Credit Suisse, os números do quarto trimestre de 2022 da empresa expressam uma coletânea de más notícias, que vão desde um declínio considerável do lucro líquido e rentabilidade ajustada a uma deterioração das receitas no varejo (pessoa física) e, principalmente, no atacado (institucional0).

O mantra ‘higher for longer‘, que denota a permanência dos juros dos mais altos por mais tempo, está se provando um desafio grande para um modelo que rendeu frutos nos últimos anos. Nesse sentido, o ambiente de taxas mais restritivas tem pesado a balança na direção de instituições financeiras mais convencionais.

O Credit Suisse cortou a recomendação da XP para venda e reduziu o preço-alvo da ação para US$15

O que você precisa saber do balanço da XP

No quarto trimestre, o lucro líquido da empresa foi de R$ 783 milhões, queda de 24% na comparação trimestral e 18% abaixo do consenso de R$ 951 milhões estimado pelo Credit Suisse. A rentabilidade líquida ajustada da empresa ficou em R$ 893 milhões, 22% a menos do observado no 3T22.

A receita líquida da empresa no trimestre foi de R$ 3,2 bilhões, 12% abaixo do consenso aferido pelos analistas.

A queda da receita no varejo foi de 3% na base trimestral, ecoando um ambiente de juros mais restritivos, além de ruídos políticos e o período eleitoral brasileiro; a XP também atribuiu o pior resultado à diminuição de interações entre os agentes autônomos (IFAs, na sigla em inglês) e clientes durante a Copa do Mundo. 

take rate (quanto se ganha por cada operação financeira) do varejo decresceu para 1,22%, de 1,33% no terceiro trimestre do ano passado; a um ano atrás, essa mesma taxa era de 1,49%.

O baque maior, no entanto, veio da linha de clientes institucionais: perda de 38,1% da receita no atacado entre o terceiro e quarto trimestre, na esteira de uma base de comparação forte do terceiro trimestre e de um enfraquecimento do apetite por risco nos mercados de equities.

Do lado positivo, a empresa conseguiu enxugar os custos operacionais, que chegaram a R$ 1,18 milhões, uma queda de 21,6% na comparação trimestral, e avanço de 0,6% na base anual. A empresa disse que planeja continuar a reduzir o quadro de funcionários para aumentar a eficiência corporativa nos próximos trimestres.

Para 2023, a XP prevê um lucro líquido R$3,8 a R$4,4 bilhões, face um montante de Despesas com Vendas Gerais e Administrativas (SG&A, na sigla em inglês) que pode chegar a R$5,5 bilhões.

A troca de farpas entre Benchimol e autônomos

Não bastassem os números frustrantes do trimestre passado, a XP enfrenta também rusgas internas que envolvem o seu fundador Guilherme Benchimol e a sua rede de escritórios e assessores autônomos.

Em e-mail que circulou internamente na plataforma de investimentos, mostra um Benchimol crítico ao que considera uma posição conformista e burocrática dos assessores independentes da XP.

Para o fundador da XP, a piora das condições macroeconômicas para o cenário da renda variável não deveriam ser utilizados como um impedimento para melhorar o desempenho dos assessores, aferido, por exemplo, pelo número de contas abertas.

O desabafo com intento motivacional de Benchimol caiu mal para os integrantes dos escritórios autônomos e provocou críticas dos associados ao modelo institucional de relação da empresa com clientes.

 

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.