Pesquisas

Pesquisa diz que aumento das temperaturas poderá reduzir o PIB global em 20% até 2100

07 jul 2020, 7:57 - atualizado em 07 jul 2020, 7:58
Índia Taj Mahal Turismo Ásia
A Índia, segundo a Oxford Economics, está em uma trajetória particularmente ruinosa. A sombria previsão captura a relação histórica entre PIB e temperatura (Imagem: Unsplash/@sylwiabartyzel)

Temperaturas mais altas até 2100 podem encolher o PIB global em mais de 20%, segundo nova pesquisa, e a maneira como o impacto econômico será distribuído pode tornar a mudança climática um enorme fator de desigualdade mundial.

Uma nova análise da relação entre calor e desempenho econômico divulgada nesta semana pela Oxford Economics, uma empresa global de pesquisas, identificou uma divisão entre nações de 15° Celsius, o “ponto ideal global” para a atividade econômica.

Um país cujas temperaturas médias anuais hoje são mais baixas do que 15° C, incluindo aqueles na América do Norte e Europa, podem se beneficiar um pouco a curto prazo com o aumento das temperaturas.

Países tropicais e subtropicais, cujas temperaturas médias já são mais altas do que 15° C atualmente, incluindo todo o Sul global, podem enfrentar uma degradação econômica catastrófica.

A Índia, segundo a Oxford Economics, está em uma trajetória particularmente ruinosa. A sombria previsão captura a relação histórica entre PIB e temperatura.

Uma vez estabelecida, pesquisadores usam projeções climáticas para o resto do século para produzir estimativas do PIB.

O estudo assume uma trajetória de emissões que poderia elevar as temperaturas médias globais em 3° C antes de 2100, sem medidas mais agressivas para conter o aumento.

A nova análise é uma atualização independente do estudo de referência de 2015 publicado pela revista Nature, que introduziu a técnica para projetar os impactos econômicos de um mundo mais quente.

O resultado principal – um impacto de 21% no PIB global até 2100 – está alinhado com o trabalho original. A pesquisa atualizada inclui uma década adicional de dados e outros 40 países, elevando o total analisado para 203 nações.

O estudo original se tornou uma ferramenta influente, agora que economistas incorporam projeções científicas do aquecimento global em modelos de crescimento.

O estudo original de 2015 passou a ser usado como referência para estudos climáticos do Fundo Monetário Internacional e muitas organizações.

Economistas por muito tempo viram a mudança climática como um problema futuro que ainda está a décadas de distância, disse James Nixon, economista-chefe europeu da Oxford Economics e autor do novo estudo.

“Obviamente, quando você estuda a literatura, percebe que não é bem assim”, disse. “Como estamos produzindo previsões de longo prazo para países como a Índia, que provavelmente serão afetados adversamente pelas mudanças climáticas, precisamos encontrar uma maneira de quantificar e pensar sobre o quanto devemos reduzir suas projeções.”

Nixon produz estimativas do PIB per capita “contrafactual” – ou o que teria acontecido se o mundo não tivesse aquecido 1,1°C acima das médias pré-industriais.

Na Índia, o PIB poderia ter sido cerca de 25% maior sem o aquecimento ocorrido até 2019; o PIB da Nigéria seria impulsionado em 35% sem o aquecimento.

Economistas do clima têm um trabalho ingrato: Nixon descreve sua tarefa como “tentar colocar um número em coisas que ainda não aconteceram”.

Isso gera muitas críticas, pois a complexidade e a incerteza fazem com que as projeções possam ser contestadas. Ou, como o novo artigo da Oxford Economics destaca, “colocar um número no impacto econômico do aquecimento global é extremamente difícil”.

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