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Petrobras (PETR3): “Saída de CEO mostra caos do governo, mas política de preços deve continuar”, diz analista

24 maio 2022, 0:05 - atualizado em 24 maio 2022, 0:38
Petrobras
Esta é a terceira mudança na presidência da Petrobras desde o início do governo de Jair Bolsonaro (Imagem: Money Times/Petrobras)

A saída do CEO José Mauro Coelho da Petrobras (PETR3;PETR4), apenas 40 dias após ser admitido no cargo, pegou  analistas e investidores de surpresa. Apesar das insistentes críticas de Jair Bolsonaro à estatal, o mercado não esperava movimento brusco do presidente em tão curto espaço de tempo.

Em relatório do dia 11 de maio, o Goldman Sachs já alertava para o fato de José Mauro Ferreira Coelho ser um nome ligado ao ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que foi substituído por Adolfo Sachsida.

“Quaisquer mudanças potenciais sob o novo ministro não são claras neste momento”, escreveu o banco na ocasião.

No último dia 15, o presidente havia afirmado que caberia ao novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, deliberar sobre uma possível troca no comando da Petrobras

“Pergunta para o Adolfo Sachsida, ele é o ministro de Minas e Energia e trata disso”, disse Bolsonaro quando questionado por um jornalista se o presidente da Petrobras —José Mauro Coelho, nomeado ao cargo em meados de abril– será trocado.

Sachsida, que tem agenda marcada com o Bolsonaro para esta terça-feira, é favorável à mudança na fórmula de preços da estatal e já solicitou estudos para verificar a viabilidade de uma eventual privatização da companhia.

O atual presidente da Petrobras, José Mauro Coelho havia sido nomeado em abril, e desde então seguiu defendendo a política de preços adotada anteriormente.

Vem mudança de preços por aí?

Flávio Aragão, sócio da gestora 051 Capital, não vê “mudanças na política de preços da Petrobras” com a chegada de Caio Paes de Andrade. Para ele, a lei das Estatais, aprovada pelo Governo Temer, impede que isso ocorra sem consequências para os executivos.

“Essa troca mostra o caos atual da gestão. Indicou um nome, não deu nem para esquentar a cadeira e já está sendo trocado”, coloca.

Os estatutos da Petrobras estabelecem que os diretores e membros do conselho são legalmente responsáveis por quaisquer decisões politicamente motivadas que resultem em perdas financeiras para a empresa.

“A menos que o acionista controlador da Petrobras tente mudar isso, a empresa continuará a seguir uma estratégia semelhante, com os preços dos combustíveis domésticos convergindo para o IPP no médio prazo, embora possivelmente ficando para trás no curto prazo, enquanto os preços do petróleo continuarem subindo”, lembra o BTG em relatório.

Na visão de Aragão, essa troca pode ter sido motivada pela perda de 30% do gás vindo da Bolívia. A Petrobras confirmou que a estatal boliviana reduziu a quantidade de gás exportado para o Brasil e que terá que elevar a importação, em meio à disparada de preços da commodity.

As primeiras análises sobre a troca do presidente da Petrobras, que conforme o rito na empresa precisa ser antes aprovado em assembleia como conselheiro e depois ser eleito pelo Conselho de Administração como CEO, foram negativas.

“Acreditamos que a mudança traz sinais negativos para o mercado, uma vez que simboliza (novamente) o desconforto do acionista majoritário com a forma como a Petrobras vem tocando a sua política de preços”, disse o analista da corretora Ativa Ilan Arbetman.

“Ademais, a chegada de Caio poderá significar a aplicação de política de preços de derivados ainda mais espaçada, abrindo espaço para a vigoração mais perene de preços defasados frente aos praticados no mercado internacional.”

Esta é a terceira mudança na presidência da Petrobras desde o início do governo de Jair Bolsonaro, todas motivadas pela tentativa do presidente de resolver a crise causada pelo aumento constante dos preços dos combustíveis.

Ao anunciar o último reajuste, a Petrobras citou a necessidade de reajustar o preço para equilibrar o mercado e assim garantir o abastecimento por outras companhias, uma vez que o Brasil é importador de derivados.

Esse será um dos muitos desafios do indicado para CEO, formado em Comunicação Social pela Universidade Paulista e com pós-graduação em Administração e Gestão pela Harvard University, além de mestrado em Administração de Empresas pela Duke University.

“O indicado reúne todos as qualificações para liderar a companhia a superar os desafios que a presente conjuntura impõe, incrementando o seu capital reputacional, promovendo o contínuo aprimoramento administrativo e o crescente desempenho da empresa”, disse o ministério no comunicado.

Ação da Petrobras deve cair?

Segundo Aragão, a ação tem chances reais de cair na sessão desta terça-feira, mas mais pelo pós-dividendos e fluxo de notícias péssimo.

“O mercado parece tranquilo com a situação. Já não é novidade”, ressalta, porém.

Na sessão desta segunda, o papel foi um dos destaques do Ibovespa, com alta de mais de 4%.

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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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