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Petrobras (PETR4): Governo terá que encontrar solução dentro de casa, avalia mercado

04 abr 2022, 16:48 - atualizado em 04 abr 2022, 16:48
Petrobras
(Imagem: REUTERS/Sergio Moraes)

O mercado avalia que o governo terá que buscar dentro da própria Petrobras (PETR4) a solução para a indefinição quanto aos novos CEO e presidente do conselho. No curto prazo, a expectativa é de volatilidade para as ações.

O economista e consultor Adriano Pires desistiu de ocupar o cargo de presidente executivo da Petrobras, segundo o jornal O Globo. No domingo, Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, também desistiu de comandar o Conselho de Administração da petroleira.

Sócio da Veronezi Investimentos e responsável pela mesa de produtos, Fábio Galdino, diz não ver alguém de fora da Petrobras e com experiência passada na companhia que toparia assumir o posto de CEO ou presidente do conselho em meio ao impasse com o preço dos combustíveis em ano eleitoral. 

 “Acho péssimo [ter que escolher alguém de dentro da companhia]. Só reforça a ideia de que pode ter ingerência sobre a companhia”, afirma o analista. 

Para Galdino, a chance de alguém mais técnico assumir o comando da estatal foi reduzida. Ele lembra a recente entrevista em que general Joaquim Silva e Luna, que deve deixar o cargo de CEO, relatou a pressão exercida pelo governo por mudanças na política da empresa.

Para o analista, o risco político sobre as ações PETR4 e PETR3 hoje não compensam a compra, apesar de o mercado ter a expectativa de que a estatal entregue bons resultados no primeiro trimestre e proponha um pagamento de dividendos robustos

“O problema é olhar para frente e ver o risco eleitoral“, diz Galdino.

Analistas têm apontando que a Lei das Estatais e o estatuto da Petrobras funcionam como uma proteção contra a ingerência. Galdino pondera que “se isso fosse verdade, o mercado não estaria discutindo risco político”.

O gestor Rodrigo Boselli, da 3R Investimentos, vê a solução de “dentro de casa” como a mais fácil, mas avalia que a desistência de Pires e Landim foram positivas. Seria um sinal de que a governança da companhia está funcionando, diz.

“Você tem um controlador [a União] que não conseguiu apresentar nomes sólidos, que conseguissem passar pelo crivo da governança corporativa”, destaca. “Do ponto de vista estrutural, estou mais convicto porque todos os dispositivos de governança estão funcionando”.

Boselli avalia que seria “muito difícil” mudar o planejamento estratégico da companhia em ano de eleição. “A chance de interferência direta é pequena”, afirma. Ele reconhece, no entanto, que seria mais simples “deixar como estava”, com o antigo CEO.

“Por que ele [Silva e Luna] foi demitido? Eu não sei se foi por uma questão executiva. Se ele cometeu erros, eu não sei quais foram”.

O que esperar das ações da Petrobras?

A corretora Ativa Investimentos emitiu comentário há pouco dizendo que, enquanto o mercado não tiver um novo nome para o comando da empresa, a ação deve continuar caindo na Bolsa. Já a Mirae falou em “volatilidade” para o papel na semana.

O Itaú BBA seguiu a tom de relatórios anteriores do sell side ao dizer em relatório do domingo (3) que as incertezas não são motivo para desconsiderar os fundamentos da empresa.

“Com os preços do petróleo em alta, esperamos que a Petrobras continue apresentando forte geração de caixa este ano”, diz relatório com preço-alvo de R$ 38.

Por volta das 14h40, as ações preferenciais da Petrobras recuavam 1,54%, a R$ 32,50.

Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
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