Petrobras (PETR4) perde R$ 32 bilhões de valor de mercado; CEO diz que quem vendeu, vai se arrepender

As ações da Petrobras reagiram negativamente aos números do segundo trimestre de 2025 (2T25), com repercussão negativa também dos dividendos aquém do esperado. No pregão de sexta-feira (8), PETR4 caiu 6,15%, enquanto PETR3 recuou 7,95%.
Com isso, a companhia perdeu R$ 32 bilhões em valor de mercado, configurando a maior perda em um dia desde 15 de maio de 2024, quando o então CEO, Jean Paul Prates, deixou a companhia.
O valor de mercado da estatal recuou de R$ 442,1 bilhões para R$ 410,2 bilhões. O mercado reagiu ainda à decisão da Petrobras de voltar ao setor de distribuição, seis anos após ter saído da área com a venda da BR Distribuidora.
A decepção dos investidores impactou o desempenho do Ibovespa (IBOV), que caiu 0,45%, aos 135.913 pontos. Sem a Petrobras, o índice teria subido 0,39%.
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No 2T25, a estatal reportou um lucro líquido de R$ 26,65 bilhões no segundo trimestre, em um período marcado por um aumento da produção de petróleo, mas também por um recuo do preço do petróleo Brent no mercado global.
O resultado reverteu um prejuízo líquido de R$ 2,6 bilhões no mesmo período do ano anterior, que havia sido impactado por fortes efeitos tributários e cambiais.
Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de US$ 10,2 bilhões no período, 1% acima do consenso. Apesar do resultado sólido, o pagamento de dividendos ficou em US$ 1,5 bilhão (yield de 1,8%), aquém do consenso de US$ 2 bilhões.
Petrobras: quem apostar contra vai perder dinheiro?
Para Margda Chambriard, CEO da petrolífera, quem apostou contra a Petrobras irá perder dinheiro. Durante participação em evento no Rio de Janeiro na sexta, Chambriard avaliou que a empresa mostrando capacidade de geração caixa e reiterou o trabalho que vem sendo feito sob sua gestão.
Para ela, quem vendeu sob o susto do retorno à distribuição e pessimismo com os resultados, vai se arrepender.
O mercado digeriu com os resultado a aprovação à volta da atividade nos segmentos de refino, transporte e comercialização de gás liquefeito de petróleo (GLP, gás de cozinha), pelo conselho de administração da estatal.
Segundo fato relevante enviado ao mercado, a Petrobras prevê primeiramente a expansão na distribuição de GLP, a integração com outros negócios no Brasil e no exterior e a oferta de soluções de baixo carbono aos clientes.
Apesar de Chambriard defender a intenção da empresa de voltar ao setor de distribuição de gás de cozinha, especialistas de mercado desaprovam a iniciativa. Durante teleconferência com analistas, a executiva enfatizou que o atual tamanho da Petrobras se deve à visão de integração e à busca por sinergias, o que explica a decisão de voltar ao setor.
“Somos uma empresa que nasceu integrada do poço ao posto. Diante de um produto que vai ter uma produção crescente, e se for um bom negócio para a companhia com uma atratividade adequada, por que não exercer mais essa sinergia?”, questionou.
“Vemos a medida sob uma ótica negativa”, afirma Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos. “Trata-se de um segmento com margens historicamente mais apertadas, o que tende a reduzir a eficiência da alocação de capital e pressionar o rendimento anualizado do caixa livre.”
*Com informações do Estadão Conteúdo